Desvendando o "para sempre"

Incredulidade, realismo e lógica ou talvez pessimismo e má fé? Quais motivos me levam a rejeitar completamente o "para sempre" dos contos de fada? A partir de um certo momento de minha vida foram os três primeiros, as ilusões da infância tinham passado me fazendo crer que abandonar este conceito seria mais um passo na arte de crescer.

Um pouco contraditório porém, que das cinzas do "para sempre" nasceu em mim um romantismo incontrolável. Fantasio com a garota que irá me tirar do eixo, fazer-me dizer bobagens, perder o juizo, a quem entregaria uma rosa oficializando nosso amor.

Quanta bobagem para um sujeito já nos seus dezoito anos. A garota ideal não existe, bem como o amor ideal, culpo as malditas comédias românticas e sua maldita lavagem cerebral! Ainda sim ansiosamente aguardo pelo dia em que meu mundo será abalado pela garota que agora sei ser imperfeita. Idealizo-a novamente como sendo pefeita em suas imperfeições.

Ai ai.. as fantasias e seus atalhos. Não só "a garota perfeita" volta a habitar meus sonhos com essas semi-racionalizações, consegui explicar logicamente o "para sempre". Teoricamente não o enxerguei antes por pessimismo e má fé.

O motivo maior para a impossibilidade do "para sempre" seria a desgastante convivência monogâmica. As manias chatas seriam postas no microscópio e aumentadas mil vez, e até aquilo que era fofo e meigo começaria a chatear. Isso sem falar no contraste gritante entre a paixão dos amantes e a rotina de casal. Mas eu julgo ter chegado a uma solução.

A saída deste tédio consistiria em uma característica inerente a nós humanos: mudar. Acredito que se a ligação entre duas pessoas for forte o suficiente ambos, ao mudarem constantemente tendo de se conhecer a cada dia, iriam se apaixonar repetidas vezes. Diversos amores com uma pessoa só.

Pois é, não faz tanto sentido, mas eu lhe disse que o romantismo era incontrolável. Não espere uma lógica muito consistente de um eterno apaixonado.