Música

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12 de julho de 2018

Acenando para a solidão

Existe algo que muito me intriga, a suposta audiência desse espaço. Sim, aparentemente existem aqueles que leem essas palavras (olá, você aí!).

Tendo a duvidar, no entanto, que o tráfego denunciado pelas estatísticas do blog sejam reais, no sentido de que reflitam uma realidade de hábito de leitura. Parece-me mais lógico de que se tratem de visitantes acidentais que não leem mais que uma linha, quando descobrem do que se trata o blog. Ainda mais a julgar por meu abandono da iniciativa blogueirinho não divulgando mais esse espaço como antigamente.

Mas vá lá, suponhamos que exista quem se depare com esse refúgio do bom senso e da estética e queria mesmo ler aquilo que escrevo e imaginando a pergunta que me faria o abismo da solidão me encarando de volta, talvez ele dissesse: o que pensa o tédio em pessoa dez anos depois de seus primeiros escritos? Será que mudou alguma coisa agora que tem emprego, namorada e uma suposta vida social?

Hoje posso nomear com mais precisão aquilo que me atormentava, o que chamei de tédio, fantasmas, demônios, sensação de vazio e etc - era depressão e me tratei... até onde pude pelo menos.

Escrever era parte da terapia então faz sentido que os escritos diminuam consideravelmente depois que o paciente melhora, mas claro, era um pouco mais do que isso. Era um processo de auto descoberta e provavelmente já devo ter escrito isso por aqui, do quanto deixou também de ter sentido me nomear enquanto escritor em treinamento depois que removi as rodinhas e passei a ter uma identidade.

Uma identidade sã, ou mais próximo disso, pelo menos, que dispensaria esse espaço que emana doença e desassossego.

Daí o abandono, caro leitor e daí também que cada retorno depois de minhas despedidas costuma ser o sinal de uma recaída ou um pedido de ajuda como uma garrafa jogada no Oceano, mas que ao invés de encontrar ajuda (ou poesia) só encontra mais lixo pra sufocar a vida em algum lugar.

O processo de cura tem dessas coisas, produz refugo, escória, uma sobra indesejável que ninguém deseja acrescentar ao bem acabado produto final e costuma-se esconder. Infelizmente o meu processo tem dessa peculiaridade de envolver o uso de uma plataforma de livre acesso global na produção desse resíduo então minha sobra talvez fique à mostra - ou não. Ainda duvido de que esteja aí, caro leitor, no fundo sou só eu acenando para a solidão.

Esse é o mal de não se cultivar amigos, a gente fica sem recurso quando a coisa aperta de verdade e passa a duvidar de si mesmo quando precisa de ajuda, achando que tudo é cura, remédio, terapia e medicina, quando talvez seja só a falta de uma cerveja bem acompanhado, um abraço, uma conversa sem sentido em um lugar inesperadamente confortável e acolhedor em uma cidade que não acolhe ninguém.

A depressão tem esse poder de sugar toda a felicidade e leveza das pequenas coisas, do singelos gestos, deixando a gente refém de medidas drásticas para sequer sair da cama. Como escrever todos os meus mais profundos sentimentos de fracasso e tristeza em um texto extensamente revisado (mas ainda assim mal acabado) que ninguém provavelmente lerá só para ter alguma satisfação de existir por mais um dia por ter feito ALGO.

Poderia ser mais simples, deveria ser mais simples e eu não ter de me entupir de trabalho para me distrair do vazio que eu tenho no peito. Mas as coisas nunca são assim tão fáceis. Talvez não o sejam para ninguém e eu esteja marcando bobeira, deixando-me levar por pouco, mas, que seja, aqui estou eu.

Eu tenho certo medo de navegar na superfície, divulgar esse trabalho e entrar em contato com aqueles que amo para de repente ver isso sendo usado contra mim. Uma paranoia de que futuros ou atuais empregadores vão usar de minha depressão para me diminuir e depreciar, tolhendo-me de oportunidades que poderiam, ironicamente me curar. E sim, por mais negativo que eu fique, ainda acredito na cura.

Talvez seja por isso que eu tão atipicamente não me renda a fantasias suicidas, eu tenho esperança demais para isso. Não da boa como nos contos de superação e perseverança, mas no sentido do mito de Pandora que a encontra como uma das grandes desgraças do mundo no fundo da caixa. Essa é a corrente que me prende aqui, no eterno retorno - a esperança de que possa ser diferente.

De que eu possa ser outro.

De que isso não seja tudo o que existe.

Apesar de eu ser ateu e depressivo.

29 de fevereiro de 2016

Solitude impassível... ou impossível?

Sinto-me paralisar toda a vez em que dou com a cara na tela do computador, ou no travesseiro, estatelado na cama por ter dormido de menos ou ter dormido demais: o corpo sempre paga. A preguiça, minha companheira é um pecado cometido por almas pouco inspiradas, sendo não menos cristão de minha parte assumir  sua angustiosa culpa, sem necessariamente fazer algo a respeito.

Não há pra onde ir daqui e, muito provavelmente, nem iria, mesmo se pudesse. Estou irremediavelmente cansado alongando-me em um bocejo desde que acordei (há alguns anos), sendo o impulso de escrever mero interstício que não deve ser levado muito a sério.

Ontem eu desejava, pulsava e até, ouso dizer, fui feliz. A fugacidade do otimismo em almas pesadas acaba sendo a maior crueldade, ao invés de bálsamo, pois nos leva a crer por alguns segundos que somos capazes de sermos funcionais, ali rondando o mundo dos vivos, sorrindo e acenando.

A minha autoimagem é a de um líder vigoroso ou, ao menos, um homem de ideias que se põe a transformar o mundo na linha de frente - ou "parte de mudança", mais simplesmente. Eu queria ter luz própria e em alguns momentos até acredito que tenha, no fundo é isso, mas no geral sou apenas sombra, nevoa e perdição. E a volta à realidade de mim e do mundo é sempre complicada.

Algum dia eu talvez aceite esse meu caráter estático e tenha o prazer discreto dos notívagos e poetas que se isolam do mundo do alto de suas torres de solidão e pretensão à grandeza. Entretanto, por hora, uma motivação social me fustiga, sensação incômoda de que só existo para os outros.

Mesmo quando não quero ver ou sentir ninguém.
(mais um dia no calabouço).

21 de fevereiro de 2016

Sobre Fazer as Coisas

O objetivo das presentes palavras é, ou era, fazer menção ao esforço daquele que sai da zona de conforto e põe-se a transformar e se responsabilizar pela mudança. Título provisório para dias passados, "fazer as coisas" pareceu-me a tônica dos meus últimos sentimentos acerca do mundo e de mim mesmo - até que tudo mudou.

Passaram-se os dias e o ânimo de querer dar as caras, ou mesmo a satisfação de ter feito algo por mim mesmo sem ser travado pela culpa ou pelo medo, evaporou sumindo tão repentinamente quanto aparecera. A angústia é tamanha que me falta a força para sequer mudar o título, embora eu já nada mais faça ou queira fazer. Se ontem eu fazia, hoje eu bocejo (longamente).

Tentador é o impulso de lhe culpar por tudo, sua presença que me oprime pelos corredores como se as parede me pegassem desprevenido, ao andar pela casa, gritando o seu nome e enunciando memórias de dor e de culpa. A ternura do passado me perfura feito faca, lembrando-me de tudo aquilo que não sou digno, não tanto pela vileza de minhas ações, mas por minha reação ao erro ao preferir mil vezes lamentar a fazer efetivamente algo a respeito.

As responsabilidades se acumulam sobre a mesa na mesma regularidade e inconveniência do lixo que tenho de tirar na segunda e na sexta feira: é preciso planejar as aulas, corrigir as provas, vestir a máscara do professor. Infelizmente, ao tratar suas memórias com mais pesar do que saudade, trazê-la de volta acaba sendo só mais um dos tantos deveres que adio, indefinidamente.

Pessoas verdadeiramente satisfeitas consigo mesmas, seguras de si e, até certo ponto, livres tem como característica recorrente uma autenticidade e autonomia invejáveis na impermeabilidade ao olhar do outro. Não fazem algo que me é caro, diria até inevitável, e raiz de muitos dos males de minha personalidade: buscar o olhar do outro apenas para me ver refletido, pescando elogios, sorrisos e conexões de conveniência, furtando-me do real de mim e daqueles que me cercam atendo-me a imagem distorcida no âmbito da vaidade e das gentilezas.

Fosse eu um romântico (ou cínico) diria apenas que quero ser amado, como qualquer outro ser humano dessa terra; fosse eu um idealista, diria que a busca pela admiração é o motor do espírito de liderança que almejo me revestir. Mas como hoje sou parágrafo, fragmento, vírgula, pingo no "i" sem letra, resigno-me ao silêncio das acusações auto dirigidas.

Nada a declarar
(nada a fazer)

18 de fevereiro de 2016

Sentido da Vida (em um dia)

"Hoje o dia amanheceu sem novidade" - disse Luis encarando a tela do computador, fingindo para si mesmo que houvera se esforçado para que assim não fosse.

Em casa, restringi-me a simples tarefa de esperar, aguardar, assim, como se fosse uma atividade séria e dispendiosa ficar parado no aguardo. Já faz algumas semanas, fiz uma compra pela internet e desde então me vejo ansioso a espera de sua chegada. O código de rastreio denuncia sua presença como "saiu para entrega ao destinatário", após uma tentativa fracassada, ontem, dia em que, absurdamente, vejam só, eu estava trabalhando.

É no mínimo curioso como algo banal do tipo "esperar a encomenda" pode assumir as vezes de sentido máximo da existência, como se a chegada do objeto pedido fosse de alguma forma consertar o universo e tapar os vazios da alma - certamente não vai, mas isso não me impede de esperar com todas as minhas forças, com todo o empenho que pode exigir a tarefa de não fazer nada - de forma que eu não consiga me concentrar em mais nada.

Em turnos, visita-me a fome, o asseio, o tédio, pulsões do corpo e da alma comandando-me à operacionalização de funções mais elevadas do cérebro. É preciso tomar banho; é preciso me alimentar; é preciso fazer algo a respeito de todas os desejos que morrem na má vontade de todas as manhãs e assim sair de estágio de catatonia em movimento, do autômato que se move, senta e levanta, mas já não sente mais nada.

E resistindo a tudo, permaneço.
Aqui.
(devoto do sono e do silêncio)

17 de fevereiro de 2016

Regresso

O bom filho à casa torna.. para perceber que talvez nunca tenha realmente ido embora. É como naqueles filmes, previsíveis e mal feitos, em que o protagonista ensaia a fuga do cativeiro para então se descobrir sonhando, ainda preso e angustiado, mantendo assim o espectador atento, aproveitando-se, o roteirista, do medo que nós temos de um eterno retorno, na criação de uma tensão dramática barata para um enredo sem graça - no fundo, ainda somos os mesmos.

Assim, justamente, eu definiria o meu regresso não-regresso, um subterfúgio pra valorizar uma história que já não tem mais sentido. Eu voltei aqui para escrever sobre a escrita que não existiria, em primeiro lugar, se não tivesse me atrevido a começar a escrever; eu voltei para lamuriar sobre a solidão que eu me inflijo pra conseguir dar conta de mais um parágrafo e desabafar sobre coisas ainda ocultas no torpor do tédio.

[PAUSA]

Respiro. Intranquilo e sincero, respiro, por não conseguir tecer uma mentira convincente sobre mim mesmo como dantes, não restando nada além para se fazer. O que sou e o que eu era, não merecem uma linha, tamanha a mediocridade de minha essência. Um romântico incurável, depressivo crônico, neurótico intragável, leitor-escritor em treinamento... todas alcunhas ultrapassadas, hoje não há muita coisa que se sustente, nada além do sentimento de névoa que adensa, sufoca e oculta, para depois desaparecer no ar.

Hoje é quarta, amanhã é quinta, e eu só queria passar um dia, semana ou ano preguiçoso [o quanto realmente não importa] e acreditar sinceramente que isso vai me curar, que é possível ser pragmático com o sentimento de derrota, com o luto por expectativas frágeis que morrem na primeira tentativa, delimitando, à angustia, o seu espaço devido. Mas eu sinto que, mais uma vez, vai tomar conta.

E cada vez mais me pergunto: afinal, qual seria o problema?
(de simplesmente sumir)

2 de agosto de 2014

.sério demais para ser levado a sério

A somatização de uma angústia, hiperbólica maneira de viver e sentir, confunde-se, não raramente, com uma inconveniente e falsa dramatização de um sujeito em busca desesperada por atenção. A via contrária, racional e fria, expondo os problemas tais quais eles se apresentam, menos na pele e mais nas palavras, costuma ser levada mais a sério. Conversar com um colega e aconselhá-lo diante de um dilema é mais confortável do que ouvir seus irracionais gritos de dor. O problema e o conselho compõem um circuito fechado e há satisfação mútua ali: daquele que ouve e se sente menos desorientado e do outro que aconselha e se sente útil, de alguma maneira. Enquanto na situação-limite, de nervos à flor da pele e mediante reconhecimento tácito de que nada há de ser dito, pois faltam os signos para transformar, através do discurso, a dor presente de uma alma, ferida aberta, em cicatriz, silêncios costuram sentimentos de impotência, frustração e desconfiança.

Quem sabe não passe tudo de um exagero?

Portar-se sério, ainda assim, é comportamento que desperta muito mais o meu desdém. Aquele que tem total propriedade daquilo que diz e parece ter o mundo resolvido em suas conclusões e certezas, ou mesmo que não as tenha, ainda acredita em sua busca é sujeito muito sério – sério demais para ser levado a sério.
                
Boa parte do tempo, sou flecha sem ponta, obtuso, nebuloso; lanço signos no ar, essas palavras que tanto preza o sujeito sério, como uma rede no mar profundo da inconsciência, sem saber o que vou encontrar até terminar o exercício. Improviso, seja por preguiça ou por cansaço, e ojerizo qualquer tentativa de me levar muito a sério. É tudo uma grande brincadeira, ciranda pra valsar inerte num passo sem passo. Eu bem que queria ter todas as respostas, ou ao menos uma parte delas, na mão, mas não as tenho. Confesso que até houve tempo em que tentei ser mais claro, sucinto nas respostas, prolixo nas declarações, mas sobreveio sempre a névoa de meu caráter inconstante e irracional.

Não vejo saída, não me encaixo... será que tentei? Resta-me, por hora, pedir desculpas aos que se frustraram com minhas maldades, experiências calcadas em um egoísmo infantil para ver “até onde iria”. Culpei o mundo, e ainda culpo, por uma seriedade risível e formalidade sem nexo, mas talvez seja eu o problema por não ter crescido ainda em caráter: tornar-me inteiro, íntegro... e no final era eu, protegendo-me atrás de uma suposta autenticidade, que levei muito em conta as minhas particularidades, minhas fragilidades, meu jeito – sério demais para ser levado a sério. De que adianta cobrar do universo, um sentido, um afago, coerência e diversão se dentro de mim só há caos, inverno e solidão?

13 de abril de 2014

Vai Passar

Desliguei-me de você junto do mundo, de uma vez, assim como uma estação trocada porque eu realmente saí do ar. O abismo me chamou e você não estava lá, de novo, eu morro, sem nada além de um pedido de ajuda que não faz o menor sentido. Abdiquei do privilégio da razão, já não faz parte de mim entender, queria apenas sentir, qualquer emoção barata que fosse, e procurei onde haveria de procurar.

O seletor de frequência me deixou nesse ruído cinza, um zumbido que nada diz, mas serve de companhia na solidão e alivia o terror do tédio. Há muito o que se fazer, uma pilha de livros e sonhos que quero consumir sem querer empenhar esforço ou tempo ou qualquer coisa daqui de dentro. Esse é um fundo comprometido, as reservas de mim nunca vem, ficam retidas na fonte - no âmago do ânimo, este nublado e cinza, como sempre. A quota pra manter o ar sorumbático é elevada e eu não abro mão.

Cai bem esse olhar profundo, dá justificativa pras olheiras e pros sonhos estúpidos, a falta de responsabilidade e o orgulho que persiste no fracasso. Eu só preciso parar por um segundo e tudo volta (será que foi embora? será que isso não passa de uma encenação?), uma pausa pra respirar e vem o desassossego, uma pausa pra respirar eu percebo o peso que comprime o peito no grande sacrifício que é apenas permanecer vivo. Tensão, distensão - alívio - tensão, distensão - alívio, e a roda torna  girar.

As comportas se fecharam, racionamento, não tenho como desaguar emoções se mal as tenho para mim, acho que é por isso que já não escrevo. Sou um autômato, autônomo - adulto, só falta o dinheiro e o mundo pode ter orgulho de mim. A realidade realmente não me inspira, acho que estou cego, pois insisto a despeito de avisos. Tenho esse sonho doido de que tudo poderia ser diferente, até eu mesmo, assim, diferente do que sou, me impondo sobre o mundo - e não o contrário. Fora do ar, preciso estar pra continuar lutando.

Pois já não sonho.

Tudo o que possuo é a lembrança daquilo que sonhei, a sombra da sombra do esboço de um viver possível mediante circunstâncias fabulosas de um mundo sem regras, sem barreiras para a vontade. Faz bem (não sei a quem) essa anestesia, então. Do contrário, o que restaria? Acho que estou perdendo o juízo, isso se já não o perdi quando decidi voltar a escrever, voltar aqui, sem nada realmente para... sem nada realmente, apenas. Mais que a explosão que me provoca a escrita, esse ruído nas palavras desconexas, o que devo almejar é o silêncio sepulcral do senso comum que veste bem em qualquer ocasião.

Uma boa noite de sono, é tudo o que eu preciso.