Ousa sonhar, espiar por entre as frestas dos muros que o cercam. Se está aí não é toa, se não fugiu é porque este é seu lugar, observador. Ousa imaginar porque é o que lhe resta, se coloca no lugar do homem livre por um segundo, é essa a felicidade.
Desistiu de tudo por um abrigo, agora vai e se aconchega, pois não lhe resta muito tempo. Está fraco, se permita o luxo de uma vida completa ainda que em sonhos. Só não ouse acreditar que tudo é possível sabendo você muito bem que não é, chega de decepção.
Brincando assim com o próprio coração não vai conseguir ir muito longe, mas você nem sente mais o perigo não é mesmo? Ele existe, mantenha os pés no chão ao menos em relação a isso e usa o pouco amor próprio que lhe resta. Proteja-se quando for voar para longe em pensamento, a queda é feia.
Olha para si um momento, já tem tempo que não o faz. Encara o espelho e perceba o quanto de raiva aparece nesse encontro com o próprio reflexo. Deixa que seus eu's digam tudo o que gardaram durante essa última aventura, medie o conflito e ponha um ponto final nisso.
Limpe os destroços e recolha os pedaços, mexa nas feridas deixe-as sangrar mais um pouco, falta muito ainda. Tanto mais para se manobrar em um espaço de mínimas possibilidades, mais duro que perceber que se está sozinho para decidir o seu futuro é perceber que já está tudo direcionado.
Tema a incerteza, desgrace a certeza e sofra. Não fuja, da onde está não da para recuar ainda mais. Sobreviva o quanto for possível e algum dia, se tiver sorte, não terá de ousar acordar para mais um dia. Sonhe com o sonho eterno, chega de ousadia!
1 comentários:
Senhor Luis Ricardo, não imaginava que escrevias tão bem! Senti até uma pontinha de inveja. Cada vez mais, sinto que quero ser algo que nunca serei.
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