Diante do ocorrido, duas abordagens possíveis: ou falo da incompetência das autoridades naquele tom pedante e chato ou faço uma análise meio Saramago do caos que se instala na falta de vigilância e prestação de serviços básicos (ruas escuras e metrô parado).
Disso vai estar entupida a rede mundial, acho mais pertinente contar da minha história, uma análise mais pessoal e verdadeira não correndo o risco de falar do que não conheço ou tenho controle... ainda que nossas verdades sejam as mais misteriosas. Mas vamos lá...
22:15
Foi dureza para esse paulistano "robô-de-shopping", como diria uma pessoa muito querida, penar no escuro da terça-feira atípica. Estava em aula quando as luzes começaram a piscar em um vai e volta que atiçava a massa de alunos muito interessada em ser dispensada.
Saindo do prédio vi que não era um problema isolado, como era de se esperar naquele prédio maravilhoso de história da minha não menos maravilhosa universidade, todos ligavam para suas casas e a notícia se espalhava: São Paulo apagou.
E no ônibus de volta só conseguia pensar na falta que faria o micro-ondas, até me surpreendi, pois que o normal era que eu pensasse no computador ou na televisão. A fome altera nossas prioridades como nenhuma outra.
Deixado pelo ônibus da movimentada Heitor Penteado que, sem semáforos, era o puro caos hesitei muito antes de atravessar a rua. Não fosse o movimento da rua, quando esta ficava mais parada não se via nada sem a lanterna dos carros. Caminhada chata.
Em casa encontro uma cena atípica: minha mãe e meu irmão no quarto ouvindo a rádio pelo celular a luz de velas. Juntei-me a eles, é raro ver essa familia junta nos dias úteis, mas ocasião pedia a excessão .
Fosse pela curiosidade em saber o que acontecei, essa ansia pela informação que a internet nos deu, fosse pela falta de algo melhor para fazer, atentávamos para cada palavra transmitida. Outros estados foram afetados.
Fiquei lá áté que a fome me comandou na árdua tarefa de repor o butijão de gás que acabara, havia outro na área de serviço e tive de transportá-lo se quisesse comer. Justo, foi momento de ativar os genes de luta pela comida dos antepassados (só um robô-de-shopping para fazer uma análise tão inflamada para ocorrido tão simples).
Minha mãe ajustou o novo butijão direitinho para que eu não explodisse a casa e colocou a refeição no forno. Enquanto eu comia ouvimos na rádio relatos dos ouvintes que falavam de sua situação, alguns da volta de energia. Já tranquila minha mãe foi dormir.
Ainda penei por minha insônia. Deitei no sofá da sala esperando o sono vir ou a disposição para atualizar as tarefas da faculdade, tanto me demorei nesse exercício que a luz voltou: já passavam das duas da manhã. E foi só na luz que agilizei minhas tarefas.
E nesse escuro ficou claro que não funciono sem eletricidade...
1 comentários:
Gostei muito do seu blog, e voltarei algumas vezes.
Muito interessante a forma como vc esboça seus sentimentos, pensamentos etc.
Muito legal.
um abraço!
Postar um comentário