Já são duzentas postagens, caros leitores, o tempo passa. Pois é bem por aí, mais trato o número como decorrente do tempo que do esforço, competência ou talento. A verborragia incessante e sem propósito me trouxe até aqui: duzentas postagens.
Planejei inicialmente em fazer um top 10 como fiz ao completar cem postagens, mas isto seria cansativo e não tenho certeza se tenho material suficiente para dez posições de respeito. Em muito decaí na produção, em muito cresci no rigor, não farei isso.
Para mudar um pouco as coisas, bem como para fugir do exercício de auto-análise retrospectivo, proponho algo diferente: mostrar o que não entra no blog. A verborragia foi tanta que não me contive, fui infiel ao blog. Escrevi em arquivos do word e até mesmo no fichário da faculdade.
Os tais arquivos, mantive em minha pasta seguros até agora, foi justamente esse tipo de escrita que deu início a idéia de fazer um blog, portanto existe certa semelhança com o já conhecido. A maior diferença é no tamanho: os parágros são mais extensos. A fluidez das ideias acaba se alterando por consequência.
Os manuscritos do fichário são bagunçados, cheios de erros, borrões e em boa parte ilegíveis. São os mais expontâneos dos três, seguidos pelas postagens do blog e depois pelas mais elaboradas produções no word. Sem mais delongas, aí vão minhas outras facetas...
OBS: Perto da data destes meus escritos diversos achei uma postagem no blog, reproduzi-a na sequência para comparação de um mesmo momento sob três escopos.
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Falta ânimo -manuscrito (25/11/09)
Cansei de lutar e planejar um futuro de insuficiências e necessidades. Não faz sentido me orientar para este espaço de falta que só suga o meu espírito, nada vem para sanar a minha dor. Contestando o sentimento questiono se vale a pena que ouçam meus gritos desta tortura tola. É culpa minha, não deveria ter feito de tudo para estar perto de você; é culpa minha, não deveria ter feito de tudo para me afastar de você
Vão palavras a gastar a folha e a vontade, não quero ter de escrever mais uma vez e quando tomo um tema inofensivo pouco produzo. Pois que o amor aguça muito mais a escrita que o estímulo intelectual, mais vale o devaneio do que a reflexão para este escritor que definha bem ao lado da origem e fim de seus problemas: A minha musa.
Em parte gosto de ter sempre o que dizer nestes escritos ocultos e ainda exteriorizar tanto em meu blog, não falta conflito, mas falta vontade, falta ânimo, cansei! Quero apenas dormir até onde meu corpo permitir. Sei que já cansou esse discurso, mas também sei que o amor teimoso persiste, este é incansável!
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Pensamento e Escrita -word (24/11/09)
Mais uma caminhada em que me perco, e não no sentido real do plano físico, mas nos desvios e retornos da infinita highway de pensamentos imersa na neblina da rotina. Essa esmaga a originalidade e a possibilidade de criação que já nos fez humanos e hoje trata de nos arrebanhar. Pois que a ideia só é boa quando atinge um público considerável, uma homenagem ao que é comum. Já dizia Nietzsche que aquilo que a todo mundo agrada cheira mal, especialmente onde ali se cultua, referia-se a Igreja e a Bíblia, best-seller imbatível, mas não é aí que quero chegar.
Perdido em pensamentos percebi que quase escrevia, se esticasse meu braço não duvido este riscasse o ar na procura de um lugar para repousar as ideias. A linearidade e estruturação sintáxica era impressionante, um verdadeiro texto ia sendo produzindo e se esquecendo sem a oportunidade de ser registrado. Incontáveis as ideias que se perdem nesse exercício, neste escrever mais do que pensar. Acho que seguindo essa linha posso dizer que é uma perda de pensamentos também, pois que aquele espaço deveria estar destinado à reflexão mais do que à escrita.
O pensar é algo muito mais sutil e intangível do que um escrever poderia compreender de maneira satisfatória. Nas aproximações e vulgarizações em que se mete a escrita você pode incorrer em erros imperdoáveis. O maior exemplo disto talvez seja a nomeação de um sentimento, vejamos a felicidade por exemplo. Está-se feliz, na infinidade de sinapses ou mesmo na loucura hormonal você vê tudo de uma maneira diferente e mais positiva. E é só a própria felicidade, a capacidade de ver tudo de forma feliz, que traz felicidade. O paradoxo e os mil desdobramentos se traduzem em uma singela frase: Estou feliz.
E é isso o que perco ao pensar escrevendo, o que é cru, puro e verdadeiro se perde para dar lugar a conceitos sintéticos mesmo na privacidade de minha mente. Não preciso de uma caneta ou um teclado para ser vulgar, já o sou em meu íntimo. Pensei ser mais sensível por escrever com mais atenção a detalhes do que a maioria, mas é mais uma questão de quantidade do que qualidade, se muito escrevo, pouco penso e vice-versa. Nem sei exatamente se concordo com isso, mas não parei para pensar, só fui escrevendo.
O medir em parágrafos, linhas, caracteres, tudo conduz, se não norteia, o resultado. Mas tem de ser assim, importante lembrar. Ainda que seja desejável a discriminação das duas qualidades de pensar, que em muito estou entendendo como sentir, e de escrever, que concebo como tudo guiado pela gramática, estas são indissociáveis. No sentindo de como a língua interfere no trabalho não sou o mais indicado para falar do assunto, ainda mais dentro da proposta dessa obra que é mais uma visão geral e despertar para reflexões do que a própria reflexão em si. Ou talvez eu esteja fugindo da responsabilidade, mas enfim, sigamos em frente.
Além de pensar escrevendo também é possível o seu contrário, é quase newtoniano, uma ideia sempre terá o seu oposto equivalente. Pondo-se para escrever e com o pensamento ainda fresco o autor pode, e com certeza vai em algum momento, cometer loucuras. Toda espécie de arte que necessita especialista sem enquadra nesse quesito. Pegue aqueles quadros tresloucados onde o sujeito faz uma mancha bizarra e diz que reflete a agonia de ser humano, tão longe da perfeição da natureza, perto dela é apenas rabisco inacabado. Isso eu inventei agora, mas não duvido exista algo parecido. O artista não deixa de estar certo, e para produzir a obra deve ter imergido no puro êxtase dos pensamentos e produzido uma das artes mais sinceras. Mas o trabalho é limitado, poucos o entenderão, e os que fazem é por uma compreensão fingida. Correto chamar isso de arte enjaulada, é belo, é exótico, mas sobretudo crueldade produzir algo para existir nesta jaula de incompreensão.
Minha conclusão acaba me levando a crer que a arte vulgar é a mais adequada. Natural, um pensador narcisista vai ter ideias narcisistas, me processe! Mas há alguma verdade nisso, a minha verdade. Escrevi extensamente sobre o tema, pouco pensei é verdade, mas está dada a dica. Pense nisso... ou escreva, não sei de mais nada.
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Morre Aqui -blog (24/11/09)
Do sofrimento, fiz alarde. Gritei aos quatro canto cantos até que o som se esvaísse e repousasse em algum lugar do grande oceano. É duro, é difícil, não aguento, sem você não vivo! Foram tantos nomes, tantas maneiras para o mesmo. Tanto desgaste da palavra e do amor.
Perdi a sutileza do segredo que todo amor platônico tem em sua virtude mais bela: o silêncio. O amante deve homenagear a amada e não a si próprio, a ode ao contemplamento é muito mais suave e tenra que a ode a frustração e a angustia.
O olhar para dentro não tem sentido se a verdadeira musa esta lá fora, distante e intocável. Mais do que medi-la por minhas imperfeições devo admira-la pelo o que é dela, só dela; aquela que é bela, só ela!
E você leitor que sabe o quanto sofri, o quanto me desdobro para lidar com esse sentimento, mantenha isso em segredo. Que só fique o sorriso de meu amor em seus conceitos, que as lagrimas e o ranger de dentes angustiado caiam no esquecimento.
Que o fato de eu pouco conseguir falar dela sem divagar também seja abafado. Meu amor é um amor hipócrita, não faço o que digo, não digo o que faço. Nem preciso dizer, isso morre aqui
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