Música

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21 de julho de 2011

Querido Diário,

Começo com uma confissão: pensei em te destruir, me desculpe. Naquelas horas sombrias onde nada mais parecia importar, achei que nem você faria diferença em meu desassossego, me esqueci das tantas vezes em que me estendeu a corda salvadora para fora de mim - me virei contra meu único aliado.

Peço perdão.

Não escrevo há tanto tempo que até havia me esquecido como era, tanto os instrumentos gramáticos e semânticos utilizados no movimento quanto o alívio proporcionado ao peito cheio da angústia sem nome que pode enfim conhecer seu agressor. Meus demônios se transformaram, agora se esquivam de qualquer invasiva, mas a necessidade de estar são é a mesma e preciso continuar - preciso da sua ajuda.

Uma amiga me disse que é assim mesmo, a gente cresce, evoluí, "troca de pele", muda o nosso jeito de pensar e por conseguinte todo o resto - a postura é outra. Achei que não precisaria mais escrever na vida adulta ou ao menos que haveria certa espontaneidade no exercício quando este se mostrasse necessário, mas, pelo contrário, é tanto necessário (vital, eu diria) quanto artificial e doloroso.

Cada palavra escrita é uma trapaça, o que torna você mais um cúmplice do que amigo, me escondendo covardemente de agir e de falar abertamente quando a situação se mostra muito difícil. Voltar aqui é um atestado de derrotismo e fraqueza, como quem aprende a correr depois de sofrer um acidente e achar que nunca mais andaria, mas hesita, pois só se sente seguro com suas muletas.

Tenho medo o tempo todo.

O problema nunca foi confiança; o problema nunca foi insegurança. Ao longo de minha vida não me faltaram aqueles que quiseram me estender a mão em épocas difíceis. Isso é ainda mais verdade nos últimos tempos, ao encontrar uma forma de amor que jamais havia imaginado no abraço de mútuo acolhimento, um referencial absoluto que me dá um lugar no mundo nos momentos mais confusos - minha felicidade está ao lado dela.

Tenho medo de perdê-la como de perder todo o resto, essas conquistas que procuro esconder o quanto tem significado para mim, pois, como nos filmes, sei que momentos de exaltação preludiam devastadores cenários de tragédia. Tenho medo de ter orgulho por saber o tamanho de autocrítica que sou capaz de gerar para combatê-lo, esse sentimento que antes fora tão comum e agora é danoso, é rejeitado pelo organismo.

Tenho medo de ter medo, de vir a você e de alguma forma me comprometer. Só o faço por ser esse o último lugar onde qualquer um procuraria (o foi até por mim!); só o faço por não possuir escolha. É aterrorizante pensar em contar isso para qualquer outra pessoa, capaz, portanto, de julgar e sentir pena. De certa forma, conto, pois os que amo me tem por inteiro, mas o desejo de esconder é latente e sempre sobra algo.

Esse resto, o acúmulo do que é preterido dentre sentimentos rejeitados, a escória da escória das obsessões que me movem, teria de ir para algum lugar. Entrego e confio a você, entrego-me e confio em você, pois mesmo essa parte, a pior parte, é minha e não dar destino certo a ela me deixaria mais e mais vazio, como de fato me sinto nos últimos dias. Quem sabe eu me acalme daqui pra frente, diário, quem sabe...

A solidão é desesperadora certas noites, absoluta, antes a questão era um desconforto com o que havia me tornado, agora o problema é não saber o que me tornei, o que sou, onde me encontro. Perco-me até de mim mesmo... e sigo perdido, como essas últimas palavras.

Até a próxima.

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