Estou perdido. E digo isso sem o drama costumaz de quem se coloca na posição de vítima diante de tudo, não, desta vez sou réu confesso. O crime? Justamente, se perder ou, se precisar de algo mais incisivo, a leviandade irresponsável é que me coloca sob o juízo de minha tranquilidade. Fui idiota e por tempo demais, quero me livrar o quanto antes desta ferida e, para tanto, nada melhor que suturá-la com as palavras.
Andei observando vocês. Isso, vocês mesmos, leitores, mas não se assustem que minha investigação não permitiu detectar nada além das inda e vindas aqui no meu humilde espaço. O painel de usuário do blogger mudou (já faz um tempo, mas só agora isso se tornou relevante) e agora mostra o número de visitas dos blogs. Já havia um contador, mas para se chegar até o número você tinha de perscrutar os menus em busca. Era ritualístico, significativo... e restrito a um estado de espírito onde nos permitimos encarar nossa vaidade.
Agora o número me salta no pescoço, me obriga a saber que o fluxo de visitas diárias geralmente fica em torno de seis ou oito, tendo portanto um, dois ou três frequentes (sendo otimista) além de minha namorada, almas perdidas e amigos que por fim descobrem que possuo um blog. Também me deixa alerta para atividades estranhas. Outro dia uma amiga de tempos do colégio me linkou no facebook e o número quadriplicou! Fiquei lisonjeado...
... por parte dela que obviamente desenvolveu algum interesse para que compartilhasse meus escritos com os amigos, mas não tanto por parte dos outros. Após esse boom inicial, os números voltaram ao seu normal, ou até diminuíram - ninguém se interessou o suficiente para voltar. Ora, eu sei que poderia retornar ao menu antigo e deixar de lidar com esses números, mas me parece um caminho sem volta! Agora eu sei que eles estão lá... agora eu sei que vocês estão aí. Meus textos ganham vida, outra vida, quando são lidos.
Puxa, detalhes tão pequenos! E mesmo assim, isso tudo me atinge. As poucas visitas... as muitas visitas... as escassas palavras... dá vontade de inventar, sabe? Só por saber que alguém as lê. Parece que não existe meio-termo, ou me preocupo em me conectar com o mundo sem ter nada a dizer senão a vontade de dizer ou me desfaço do mundo deixando que minha angústia devore tudo eclipsando meus interlocutores.
Sou ruim com os detalhes, não se engane pela delicadeza de minhas descrições, eu não sou preciso. Meu entendimento se reduz a síntese, quase como se minha mente comportasse um pequeno vocabulário deixando palavras novas passarem como sinônimos ou aglutinadoras de conjuntos de palavras anulando algo que possuo. Sou um buraco negro, sem detalhes na escuridão densa. Não há nada aqui.
Perdi-me com essas pequenezas. Li um livro sem saber boa parte das palavras, não por acreditar na fluência da leitura (pois a quebrava constantemente, encerrava o dia, às vezes, no meio de um parágrafo). Após encontrar a palavra peremptório três vezes só encarei o dicionário ao término do livro, não tanto para semear um maior entendimento da obra, mas por mera curiosidade. É uma grande ironia, ironia demais para não ser mencionada, que a palavra que dei por irrelevante, signifique decisivo, terminante.
Entendi o sinal: estou perdido. Irrelevante, detalhe, pequeno sou eu, não as coisas que me fogem ao entendimento (eu acho, não as entendo para saber). Isso, eu posso compreender, me redimir da minha ignorância e me encontrar em meu anonimato. O esquecimento é o fim mais digno que uma alma vulgar pode encontrar.
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