Aposta segura (parte 1)

Um igreja imponente desafiava os transeuntes. Todos que passavam admiravam sua beleza arquitetônica enquanto dúzias de fiéis entravam para o culto de domingo e incrédulos balançavam suas cabeças em desaprovação.

Uma pessoa porém, não sabia em que grupo se encaixar: nos admiradores do lado de fora, nos adoradores do lado de dentro ou nos indiferentes a passar longe. Se nome era Célio, estava em seus catorze anos e sua curiosidade urgia pelo encontro com a espiritualidade.

Os encadalos envolvendo Igrejas, que pela captação de recursos mereciam o título de empresas, o impeliram a tomar uma postura cética. O caos reinante e aparente falta de sentido nas atitudes auto-destrutivas humanas não ajudaram muito também.

O que ele via era uma perfeita lógica no fim, a morte encerraria este show de horrores definitivamente. A curiosidade porém, era um problema a ser solucionado. Não dava para rejeitar algo que ao menos não conhecia, daí ir a igreja.

Assumindo que o tal do "despertar" viria automaticamente procurou não escolher racionalmente o espaço espiritual onde adentraria. Pegou um ônibus qualquer e decidiu parar em um ponto aleatório e acharia o que estava procurando.

Ele sabia que não era nenhum absurdo parar perto de uma igreja, sinagoga ou templo. São tantos que iria acontecer mesmo. Mas ainda sim ficou surpreso quando desceu e ao olhar para a esquerda viu uma igreja tão imponente. Ao que tudo indicava se tratava de um culto católico apostólico romano, religião de seus pais.

Voltamos então ao início do conto onde ele decidia, abalado pela coencidência, se ia até o fim com seu experimento. Ao se demorar na escolha percebeu pelo canto do olho um ônibus que o levaria para casa. O local era desconhecido e saber de um caminho de volta já era surpreendente.

Confiando apenas em um ônibus, que agora partia e sumia de sua vista e sabendo que demoraria até que outro similar aperecesse, decide entrar na igreja. Era hora da verdade



[Continua...]