O sociopata

Só mais uma vez reiterando as regras da brincadeira, é tudo fictício, delírios de minha mente que deveria estar ocupada com o meu seminário da faculdade. Bom, hoje é dia de refletir sobre o valor da vida. Com que facilidade a moral pode ser dobrada para comportar o homicídio?

ADVERTÊNCIA: conteúdo fictício, não se espantem com as opiniões expressas.


"Eu tenho um sonho", ainda que um pouco diferente do ilustre autor desta frase. Das muitas coisas que poderia desejar apenas uma parece valer o esforço derradeiro, os famosos 110%. Esta ambição já me assombrou por muito tempo, hora de me abrir: quero tirar a vida de alguém.

Mais precisamente, desejo tirar a vida de um "ninguém", do elemento sobressalente desnecessário, do indivíduo que se contenta com o papel de mera engrenagem do sistema, que se encaixa perfeitamente, como uma peça de quebra-cabeças, no fluxo da vida.

Não os odeio, não se engane, ser um assassinozinho passional é a última de minha intenções. Entenda apenas como um protesto, nada pessoal, mas acho que a sabedoria que anseio por distribuir precisa de métodos de ensino mais rígidos. A morte parece servir ao propósito.

Ao me livrar do insignificante talvez se perceba como uma vida, mesmo humana, pode ser digna de desprezo. Os familiares podem se chocar, os amigos e colegas elaboram uma espécie de luto até que todos voltam as suas rotinas. É permitido então esquecer de tudo e seguir em frente.

Será que ninguém se prontifica a ter uma visão do todo? Como não ver que certas vidas são microscópicas, se não invisíveis, sob um escopo maior?! Manter-se na obscuridade é uma traição a própria raça humana!

Considerando que a maior virtude do homem é o poder de adequar o mundo às suas necessidades, facilmente se pode chegar a conclusão de que o valor de cada vida é medida segundo seu poder de mudança. Na ausência de um, a vida não tem valor.

Não faço juízo de valores, nao quero livrar o mundo da escória, dos parasitas, dos bandidos, dos detratores do bem comum. Estes já fazem o seu papel de agentes, ainda que subversivos a moral e ética. Têm um valor maior que qualquer cara comum, portanto.

Encerro meu manifesto com um recado aos leitores: Atentem para meus ensinamentos, aprendam, repassem, não se acomodem jamais. Descansem um minuto e terão o desprazer de serem contribuintes da primeira de minhas lições mais sevéras.