Esse triste vício em repetir as mesmas novidades me traz novamente aqui a contemplar problemas perfeitamentes solúveis e pinta-los com as cores do impossível. Velhas angústias, velha tristeza e novas maneiras de me declarar incapaz de lidar com os mesmos.
Assisto-a ir e partir consecutivas vezes. Todas as manhãs planto a semente da esperança, a tarde colho seus frutos podres para então lamentar durante a noite. Amaldiçoo o solo, a semente e sempre me esqueço do semeador, a única parte racional.
Maldita vida levada de forma não natural e indigesta. Já não sei o que estou fazendo e mesmo assim persito nesses planos traçados às cegas, nem sequer lembro como exatamente tudo isso começou ou o grande porquê de tudo isso.
Mentira, sei muito bem. O que acontece é que no éco de meus sofimentos tudo vai perdendo sua clareza, como uma palavra que repetida por muito tempo se despreende de seu significado se tornando apenas mais um som, mais um ruído.
Não quero largar este sonho que se prende por um fio, por uma memória distante, por uma música ou até por um filme. Tenho de me desprender desse futuro próspero, dessa previsão otimista, desses planos. Essa jornada chegou ao fim e tenho de aceitar.
Porém, protelar os deveres se tornou uma especialidade e diante deste outro minha postura não poderia ser diferente. Uma questão de integridade entende? Pelo menos nesse quesito fui fiel algo que me diz respeito em todos os outros orquestro multiplas auto-traições.
Nesse imenso flagelo pode-se incluir esse novo ritual de insistir em sonhos mortos que, assim como qualquer cadáver, empesteiam tudo a sua volta conforme o ritual de decomposição avança gerando uma montanha de outros corpos a cair adoecidos.
Sendo assim o cadáver deste novo amor acaba por gerar outros como o do orgulho, da confiança e vitima uma já a muito fragilizada esperança. Nada de bom pode sair disso, mas ainda assim a idéia de mudar é insuportável: a inércia venceu.
Sei que existe um universo de possibilidades a minha frente, sei que este não é o fim do mundo, mas eu quero que seja e desejo algum se mostra mais nítido que este. Na ausência de sonhos e metas sucumbo a este único desejo de prolongar o sofrimento, de simplesmente entregar os pontos.
Estou sozinho e, diante da concretização deste meu maior medo, vou me acomodar nessa solidão, já também não preciso temer a escuridão porque as trevas já fazem parte de mim. Um preço razoavelmente caro para a cura de meus medos.
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