Já mencionei que me sinto preso, já mencionei aliás tudo o que há para se entender do que se passa na minha cabeça. Este blog é uma chapa perfeita de um perigoso raio-x sem colete de chumbo, levanta-o contra a luz, analisa meu prognóstico e nota o sujeito que agora cambaleia pela radiação. É o preço da revelação.
Saber demais custa caro, quanto mais me aventuro no mundo do saber só tenho a perder. Em teoria haveria o acumulo do conhecimento, mas de que adianta se este fortalecido intelecto só me serve para dizer o quanto ainda sou burro e inapto? Ninguém aguenta toda a ciência da própria ignorância, não sem a inteligência emocional adequada.
E é mais que se exige de quem saiu a muito do estado de imbecilidade, de mim que já estou tão distante disso e ainda assim sinto-me completando um círculo: da ignorância oculta para a revelada. Neurótico sintomático chato que me tornei, enxergo círculos em cada parte do meu ser, não posso fazer auto-análise sem me destruir com toda essa radiação. Chega de pensar.
Agora é tarde, já fui até aqui e terei de prosseguir afim de que me sinta melhor pessoa do que quando comecei essa jornada, não se pode tornar a inocência e desejar que toda essa sede por conhecimento desapareça. Cresça, homem!
Essa estrutura rígida de auto-crítica e piedade cansou, todas essas lamurias, todo esse tédio, esse quarto, esse quarto, sempre esse quarto! Janela e porta no plano físico que me sufocam, transferem toda a carga de ambiente fechado para a minha mente que se recusa a progredir, se recusa a criar, o ímpeto criativo está quase nulo!
As ideias não tem como respirar nesse ambiente hostil, cansaram de mim e foram procurar abrigo em quem tivesse mais zelo. Murmuro fonemas, grito em silêncio, penso abobrinhas, desenho rabiscos, rabisco tentando desenhar e rabisco tentando escrever, tentando apenas.
Sou promessa, tentativa, aposta gasta e teimosa de quem quer lucrar muito com o azarão, de quem se recusa a mandar a mula velha para a fábrica de cola. Sacrifica-me de uma vez, cansei de correr! Se ao menos eu fosse mais leve e pudesse tentar de verdade, se ao menos o primeiro pensamento ao acordar não fosse de não ter de acordar!
Queria poder sair, acho que é a primeira vez que digo isso com total convicção. Sair de mim ou que isso saia antes, forçar um caminho sem volta e garantias ou esperar um milagre. E é isso, a situação coloca este ateu hipócrita a cair de joelhas a rezar, se não pela salvação, para que um raio me parta em dois e leve embora minhas cinzas onde não possam causar dano a mais ninguém.
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