Fragmentos

Falta coesão em meus pensamentos.

O dia foi difícil, mas creio já ter vivido piores. Ou será que não? Difícil ter parâmetros fixos quando as únicas certezas são sobre aquilo que não o concerne.

O imutável muda ao seu bel-prazer, minhas ações e pensamentos fogem por fendas das seguras certezas pueris sem meu concentimento.

Um mesmo que retorna diferente, um mesmo que assombra por ser mesmo, mas no entando destrói e se impõe com cada vez mais violência. Mudança?

Tenho certeza de que o sol vai nascer amanhã indepente de minha vontade, tenho certeza de que minhas vontades são dignas de escárnio não só nessa como em muitas outras situações.

Faço-me de vítima por estar sempre encarnando a vítima, é um círculo vicioso ou uma fuga?

Sinto fome, sede, desejo e vontade de fumar o tempo todo, principalmente quando estou tecnicamente satisfeito. Há um vazio imenso que clama por atenção!

Não existe nada pior que a segunda hora, maldita segunda hora! Passada uma hora em que o dormir foi deixado sinto-me com um membro a menos. Neste mundo sou aleijado.

Por que o medo em alguém que crê estar no inferno? Talvez o inferno seja justamente isso, experiênciar o pior em doses controladas sem adquirir resistência. O diabo é o mais sensato dos doutores!

E pensar que meu único prazer é dizer que isto não é fácil, me orgulhar por ser tão forte. Questão de piorar o que restou de minha auto-estima e lutar para sair da ridícula depressão?

Meu olhar viciado só enxerga o sofrimento, a única cura é me livrar de tais algozes. Infeliz, ou felizmente, não tenho a frieza de Édipo.

Já tive minha cota de dias de fraqueza...

Queria saber se é pedir muito desejar a paz em que me encontei olhando em seus olhos, se não isso, ao menos lembrar com mais clareza. Que dentre tantos demônios você possa ser meu anjo (o anjo caído).

Mas acho que...

Já tive minha cota de felicidade.