Assistindo um filme ontem onde estavam dois personagens trocando o clássico diálogo do encontro, onde um se abre de forma absurda para o outro adiantando o processo para que o filme não dure mais de três horas, percebi uma coisa interessante.
Vi sim que em filme ruim, e aquele era sem dúvida horrível, o contato e o descobrimento dos personagens é muito rápido. Justo por serem eles muito rasos para dar lugar a um enredo pouco satisfatório colocando um "o que?" antes do "por que?". Mas não é esse o ponto.
Ao se apresentar para a garota o rapaz vai falando do falecimento de sua mãe e aquele mimimi de sujeito entristecido que o tornava sensível e interessante. A garota diz que sente muito e eles trocam um olhar intenso. Quem precisa morrer para que eu possua essa atenção?
Tenho pretenção de ser grande algum dia, escrever um livro, ganhar fama. No entanto, meu passado pouco oferece na criação de conflitos e tormentos que teria uma alma partida e sensível. Sou absolutamente comum em todos os sentidos, uma alma vulgar.
Conflitos, se os tenho são dos mais ordinários. Constam neles: pais divorciados, troca de colégio, bullying, amores platônicos e a insatisfação bem classe média com a posição econômica. Nada que produza algo de interessante ou inédito.
Minha inteligência e vocabulário também pouco impressionam e meu conhecimento limitado da língua nativa me faz incorrer em erros constantemente. Afinal, o que estou fazendo? Sob todos os aspectos isso aqui parece uma perda de tempo.
Ainda assim, possuo essa ansia constante, esse enjoo que me faz vomitar palavras sem me dar o trabalho de limpar o estrago. Por ser vulgar essa alma simples, mas pretenciosa, acabou ficando doente. Meu grande conflito é essa frustração que só cresce.
Frutro-me até pelo o que não sofri então sofrendo em seguida. Esse é o elemento para a escrita, ou ao menos deve ser. Se serei grande algum dia será por escrever do quanto sou pequeno.
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