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28 de dezembro de 2009

Ano Velho

"Mais um reveillon que se aproxima, puxa vida, o ano passou tão rápido!"- mentira, o Natal foi quinta e sinto como se tivesse sido mês passado, acaba logo, porra!

"Tantas expectativas para o ano que se segue, tudo será diferente!"- mentira, mas isso eu não precisava nem salientar. Só acho bom lembrar com tanto comercial a-vida-é-bela-mastercard-style por aí.

"Esse ano vai deixar saudades, ficou na memória, foi tão marcante!"- não, um grande "nemligo" para o Michael Jackson e a galera que nunca morreu e agora está morrendo, os aviões que somem, a copa das confederações e outros eventos aleatórios.

Chega de confete, acho que o caro leitor merece coisa melhor, ou talvez não, do contrário não estaria por aí navegando na internet à procura de sabe-se lá o que. Seja como for, diante do clima festivo, também fui me contagiar.

.:Postagem especial de fim de ano!:.

[...imagem festiva aqui, usem a imaginação...]

O que fazer às portas desse ritual que trato com tanto escárnio?

Acho que todo reveillon deveria ter uma pitada de ano 2000, lembra? O medo do bug do milênio, o ritualismo de se entrar em um novo século (dos tolos que não se tocaram que o século XX só acaba em 2001), Nostradamus, Jesus Cristo, suruba, abrigos nucleares...

Ok, talvez não tenha havido tanto pânico, mas julgo deveras interessante que se assim se procedesse a cada virada. Sabe? Você vai lá e agenda o que não fez durante o ano para o último dia e manda ver, violentamente, para que dê tempo.

Queria juntar dinheiro? Roube um banco; arrumar uma namorada? Acerte-a na cabeça e a arraste pelos cabelos como o bom homem das cavernas; cortar as gorduras? Corte... só que literamente; se impor no serviço... mate o seu chefe! \o/

Óbvio que estou brincando, mas só isso tornaria 2009 tão mercedor de retrospectivas e comerciais de tv quanto vem parecendo ser. Mas essa é apenas minha opinião, se existe tudo isso é porque há mercado, quem se comova com a ideia, com o mito da passagem.

O civilizado homo sapiens sapiens da selva de pedra se encontra desfeito de seus rituais mais antigos. Lacuna muito bem preenchida pelo sistema capitalista, e por sistema capitalista entenda a sociedade como um todo, não existe um homenzinho mau de terno e bigodes longos que conspira, optamos por esse caminho juntos.

Os ritos de passagem se restringem a manifestações débeis que beiram ao ridículo, como festa de debutande para meninas com as pregas mais soltas que a Bruna Surfistinha ou o pai ensinando o filho a andar de bicicleta em um típico momento comercial-de-margarina.

Os ritos de caça ainda se mantém em alguns países, mas muitas vezes o que se cultua mesmo é a arma... que acaba sendo usada em outras pessoas. Foi-se a utilidade, ficou-se a violência não direcionada. Outra debilidade cultural.

Um rito, no entanto, ficou negligenciado. Em tempos de incerteza se celebrava a prosperidade, pois só se dá valor a algo quando este passa a fazer falta. Assim o era com a colheita farta após estiagens ou cataclisma. Havia o que celebrar.

O homem moderno é cheio de razão, cheio das certezas, vai comemorar o que? Foi escolhido o período arbitrário, ou talvez nem tanto, de um ano. Sobrevivido o ano, é hora de comemorar! Já existe o aniversário, mas tudo bem, quanto mais melhor. E de tanto comemorar a prosperidade, esta se vai em dívidas por tantos presentes e festas...

Outro contrasenso é chamar o ano vindouro de novo. Tantas promessas e expectativas, tanta gente esperando a sua chegada com mil planos; tão maravilhoso, tão comemorado, tão falado, tão... usado. Quando chegar 2010, de tanto passar na boca e sonhos do povo ele já estará velho. Observe o dia primeiro: todo mundo de ressaca, capengando... envelhecido.

O ano que passou, sim, que é novo. Assistindo retrospectivas e romantizando memórias contruímos uma saudade que não existia do que não existiu. Puxa, tanto que se deixou de fazer, muita coisa passou batido! Tinha tanto potencial e passou, morreu, quase recém-nascido. Que ano foi esse que mal conhecemos?

E assim prosseguimos, enterramos nosso filho estimado, ainda bebê em nossos braços, querido, amado e trocamos por um velho safado que já chega dando bengalada na nossa cabeça e metendo a mão onde não deve. Trágico.. e um tanto cômico.

Exageros à parte, ainda há o que comemorar. Não brinde ao ano que veio ou ao que passou, brinde apenas ao momento, a meia-noite ou quando achar melhor. Brinde à oportunidade de estar de folga com seus amigos vagabundos e sua familia insuportável.

Saúde!

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