A Batalha Pela Mente

Resolvi dois pontos cruciais para dar conta das férias: cuidarei do corpo que definha e do espírito esmagado pela pressão de musas e suas respectivas odes que teço em um silêncio doloroso. Ambas práticas sem sentido para entreter um público ausente.

Ainda cabe cuidar de uma terceira coisa e para essa, o público está presente (ao menos torço para que venha a aparecer em algum momento). Quero sofisticar a minha escrita, não pelo ascetismo, não por elevar o espírito em detrimento do corpo, não. Serei um pouco menos romântico e reconher a mecânica do ofício: a gramática e a redação.

Oras, como em qualquer atividade há q se prestar homenagem e respeitar os grandes, aprender, saber ouvir e se calar. E é o que faço... exceto a parte de me calar. Continuo disparando absurdos mesmo em fase de aprendizado, acho que no fundo reconheço que nunca sairei do estágio embrionário então melhor fazer algo antes que a vida passe diante de mim.

Não tenho pudores, sou vulgar mesmo! Mas não custa amolecer essa rija teimosia, devo aprender e, se não elevar o espírito, ao menos o intelecto. Troco a fome, a insônia e a paixão pela ingrata por um russo problemático condenado a morte no século XIX e um português inspirado com uma séria crise de identidade, já entrando no XX.

E forço a entrada deste novo hábito, ler é custoso. Ligar o computador e a tv é quase automático, anos de prática, abrir um livro por outro lado... Até reconheço que me entrenho mais com esses dois caras do que com programas de tv com enredos insipidos ou esperar que alguém entre no msn, às vezes por horas sem resultado, mas ainda assim....

Falta derrubar este último vício: o comodismo. A última das batalhas para se travar e, por fim, poderei ser dono de mim. Dez da manhã de um domingo e eu aqui escrevendo à frente do pc... vê-se que tenho grandes chances.

É engraçado, se me pedissem que meditasse em silêncio eu provavelmente não aguentaria 5 segundos sem ter de escrever sobre o próprio silêncio, o quebrando, portanto. O registro me sai mais precioso que a experiência em si. Mas aí já vou saindo do tema, chega de viajar!

...as férias continuam