Cheguei ao fim. Cabe a cada um ter a sabedoria de reconhecer seus próprios limites e os que não tiverem que procurem algum auxílio:
"Concedei-nos Senhor: Serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, Coragem para modificar aquelas que podemos e Sabedoria para distinguirmos umas das outras."
Já ouvi de alguém, e não sei precisar as palavras exatas ou quem me disse (bem como a citação anterior), que é preciso bater no fundo do poço para ganhar o impulso necessário para subir. Seja pelo lado espiritual ou lógico, tenho de reconhecer: o momento é crítico.
Passei os dois últimos dias em extrema agonia me forçando a sentir tristeza, pois nada mais parecia real. Encontrei-me comigo mesmo e percebi que ainda me prendo a desejos infantis. Experimentei do sonho e gostei, me iludi até onde foi possível.
A realidade não sacia mais o paladar e a fantasia é intangível ao toque. Qualquer escolha, seja fuga ou confronto, parece terrível demais para ser levada em conta. O que escolher, então? Não importa, a questão não é essa, talvez nunca tenha sido.
Mais do que escolher, o problema é ter a força para aguentar qualquer um dos dois caminhos, assumir responsabilidade uma vez na vida, ser fiel a si mesmo. Se eu for lutar, ter a ciência de que viverei uma vida vazia; se eu me iludir, aguentar as consequências, pois até na auto-destruição existe disciplina, como no Harakiri executado por um samurai.
Agora aceito que não existe saída fácil, não sou mais uma criança; aceito que existe sofrimento e a maior parte dele é auto-infligido, não sou idiota (ou masoquista); aceito que ela não me ame da forma como eu a amo e talvez nunca venha a amar, aceito até mesmo que isso possa nem ser amor. Aceito o meu destino, aceito a mim mesmo.
Ainda assim, há que se ter critérios. É bom lembrar que a linha entre conformismo e paz de espírito é muito tênue, bem como entre teimosia e determinação e disciplina e obsessão. Devo pesar todos os fatores antes de tomar uma atitude precipitada.
E que continuem os jogos. Como criança, ainda usarei esse coração partido, um brinquedo quebrado, como se fosse novo. A imprudência é involuntária mesmo diante de todo esse racionalismo. Os remendos se soltarão e retornarei a sangrar, a perguntar: "entao, é isso?" E pela primeira vez não soará como tortura, terei a serenidade para dizer:
Sim, é isso mesmo
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