Música

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16 de abril de 2010

Assim Quis o Destino...

Já faz um tempo que não os agracio com um de meus relatos. Não é à toa. Ao mover algumas coisas na bagunça que anda a minha vida, baixei os olhos para o mundano e tentei manter o foco em objetivos mais claros. Claro que... tem sempre um momento em que nos distraímos e voltamos a velhos hábitos/vícios. O meu é criar histórias de amor.

Ontem, voltando para a faculdade ouvindo música como o de costume, mal me apercebi do ambiente. Tudo o que sabia é que o ônibus estava lotado, que eu teria de me espremer para chegar à catraca e depois à porta... que era um dia como qualquer outro. Notava um ou outro rosto no meio da multidão, mas não mais que isso.

Procurei ficar perto de um sujeito alto que costumava descer no mesmo ponto que eu, ele abriria o caminho, cabendo a mim somente pegar o vácuo. Até refleti sobre o fato de ele ter deixado de ser um mero estranho (até faço uma disciplina na licenciatura com ele) e, no entanto, não termos trocado uma palavra sequer. Estranho... mas irrelevante, voltei a minha música.

Conforme o profetizado, ele abriu caminho no momento certo e eu peguei a deixa. Desci do ônibus e fui atravessar a rua. Não sei se saída do ônibus ou de onde quer que seja, apareceu uma garota. Ela não deveria ter muito mais que meus vinte anos... e era atraente, confesso. Parou ao meu lado e foi tomando a mesma direção que eu.

Antes de descer para a rua que dá na minha casa, tem um ponto de ônibus. Se eu tiver alguma preguiça fatal e quiser descê-la de ônibus, posso pegá-lo, mas não vale a pena. No horário que eu volto para casa, ele demora para aparecer e tudo isso para andar uns três pontos. E sabe como é, né? "Na descida, todo santo ajuda". Enfim, desnecessário.

Nessa hora, eu me distraí um pouco de mim mesmo e, enquanto atravessava a rua, me propus que ficasse no ponto se a garota também ficasse. Às vezes, me proponho esses exercícios para ver no que vai dar, quebrar um pouco a rotina.

Ao atravessar, a garota pareceu visualizar o ônibus desejado vindo e tratou de apressar o passo e andar na via diagonalmente para reduzir o percurso até o ponto. Pensei: "lá se foi uma aventura". E já me preparei para ir à pé para casa. Mas, para minha surpresa (e também a dela) não era o ônibus certo. Ela tinha até dado o sinal, abaixou o braço e soltou um palavrão discreto.

TODOS que ali se encontravam, com exceção de eu e ela, subiram no ônibus. Pronto, estávamos à sós, simples assim. Não sou de abordar desconhecidas, quanto menos persegui-las, mas a situação pedia uma abordagem. Tive a minha parcela de culpa, mas a sorte (ou o acaso, se você for cético) conduziu àquele momento.

Quis acreditar que se tivesse de ser, seria (nada mais vago), uma linha de filme sairia da minha boca espontâneamente ou, até, o posicionamento dos nossos corpos tão próximos e sós sucitaria uma relação de intimidade (e não falo no sentido sexual).

E pior que aconteceu! Conforme o tempo passava, íamos ficando cada vez mais próximos de forma natural e branda. Passados dez minutos, a distância que tomávamos entre um e outro já havia se reduzido pela metade. Ninguém aparecia no ponto e o silêncio reinava.

Ao longe, surgiu um homem passeando com seu labrador. O cachorro parou próximo ao poste no qual recostava a garota, eu tinha uma desculpa para olhar na direção dela; ele veio e começou a me cheirar (possuo cachorros, é uma reação normal), ela passou a me olhar. O dono logo se apressou a me dizer que o cachorro era manso...

Nessa hora eu me atrapalhei um pouco...

Eu tirei os fones para entender o que ele havia dito e respondi que tinha "um desses, também". O.K. eu tenho um labrador, mas ninguém fala assim do seu cachorro. Ele perguntou "amarelo?"  "macho?"  "legal". Eu só concordando, o cara era meio estranho.

Meio atordoado e até exposto sem os fones e tendo conversado com um estranho (o ápice das conquistas do sociofóbico), eu percebi que a garota sorria para mim. Já levava os fones de volta aos ouvidos, parei um momento e sorri de volta (tamanha a concentração necessária para fazer isso). Hesitei em voltar à música e senti que era o momento...

Com os fones largados sobre a camisa e a garota sorrindo eu me demorei em fazer um comentário banal sobre o ocorrido, era só isso. Podia até falar sobre os ônibus que estavam demorando, mas me calei. Senti o momento passar e recoloquei os fones.

Passaram mais uns bons minutos e as pessoas foram chegando ao ponto. Mais um pouco e nossos ônibus chegaram, um colado no outro. Realmente quis o destino que algo acontecesse ali, mas eu acabei perdendo a janela da oportunidade.

Voltei para casa um tanto decepcionado, mas não mais do que isso. Foi bom ousar, ainda que de uma maneira discreta e até ingênua. Ainda posso ser eu mesmo a despeito das mudanças necessárias daqui para frente. Isso me deixou feliz.

Resta, agora, continuar com as mudanças e o amadurecimento sem deixar de torcer pelo próximo acaso. Quer dizer... isso se você acredita nessas coisas.

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