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30 de maio de 2010

Sonhando

De volta à uma vida regrada, retorno este que remete à tempos imemoriáveis, é impossível não se deixar levar pela confiança de que tenho total controle sobre a situação. Os sentimentos parecem adestrados, enajaulados em um corpo sadio, o coração bate em seu rimo. Mas todo esse vigor só auxiliou a violência da síncope.

Tenho de volta a força para ousar e tudo o que fiz foi sonhar. O que parece uma ação inválida tem sujeito e objeto: sou eu a mover neuroses, fantasmas e demônios, traduzí-los em uma expressão quase palpável. Faço um teatro de meus desejos, que se tornam mais intensos e lúcidos na saúde, e os projeto na noite estrelada.

Diferente do sonhar doente das madrugadas em claro, este sonhar toca o âmago de um coração ferido que recuperou o seu vigor. Amar é inevitável - assim como sofrer. Recuperei a integridade de meu espírito para na sequência me doar por inteiro. A frustração do desejo que se realiza: quis ficar bem, consegui. E agora?

Não me basto, é essa a lição? Isso depois de me convecer de que o poder da mudança estava, e de fato esteve, dentro de mim? Ora, a ironia desse mundo me incomoda! Se houver alguém responsável por esse ordenamento cruel dos sentimentos, saiba que eu estou insatisfeito... ou, talvez, até feliz. Dificíl negar como é bom estar apaixonado.

Possível até que eu esteja apaixonado por esse novo eu capaz de tudo: íntegro e desbravador dos próprios abismos. No espelho, encontro a imagem do que me falta. Sim, me basto, mas há um limite de auto-acesso, portamos qualidades que não podem ser desfrutadas, apenas compartilhadas. Narcisismo delirante, não?

Só vou tão longe porque a musa de meus sonhos raramente tem um rosto, ao menos um conhecido. Sou eu a me bastar com meus desejos, faço um amálgama das qualidades femininas e rotulo o desejo puro para me devorar, sonhar antropofagicamente. Oh desespero! Sonhos malditos que rompem a calma! Sorte esquecer boa parte deles...

O que fica é o da noite passada, a alma de um homem, mesmo uma tão íntegra e vigorosa como a minha nesse instante, não pode comportar muito mais do que isso. Ah... doce sonho este que me iluminou e agora joga luzes sobre esse texto truncado!

Encontrava a minha amada e lhe acariciava o rosto, dizia-lhe que isso bastava, que não queria seus beijos ou abraços, apenas sentir o seu rosto. Sentia a pele queimar ao toque, ou ao menos me dizia para sentir, sentia eletricidade, magnetismo! Negando minha restrição, a musa me abraçou e aproximou o rosto me ameaçando com um beijo...

Permanecemos nessa dança, sentindo o rosto um do outro, até que a manhã chegasse. Sonhei outras múltiplas coisas, sou cheio desses micro-sonhos em uma noite, mas pouco me lembro destes. O que marcou foram os poucos segundos face-à-face com ela...

Reconheço certo constrangimento por ver a tradução de um desejo que muito lutou para se manifestar após anos de doença em uma cena de filme-água-com-açúcar. Mas não estou surpreso ou indignado, já reconheci à tempos o quanto sou mundano.

Não me envergonha sonhar com beijos quando deveria estar me gabando de minhas façanhas sexuais com meus amigos, não, o que pesa no meu orgulho é temer a realização do sonho. Medo de mudar, medo de ousar, medo de me frustrar...

Renunciei a visão para corrigir a trajetória errada, sou teimoso, e abdiquei do tato ao saber que o que queima não é o toque, mas o desejo. Sei que as sensações mostrariam um lado meu que não conheço quebrando a familiariade com o novo eu, já satisfatório e cômodo... e saudável até! Por que mudar?

Porque sim

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