Volto às paginas do vazio, sei de minhas inaptidões e do quanto é estúpido discursar sobre nada (só perdendo em estupidez para o discurso que tem objeto revelando incapacidades ainda maiores) e mesmo asssim prossigo. Parece masoquismo falar de sofrimento em uma escrita sofrida, mas não é. Se persevero na angústia é por reconhecer o ridículo em minha dor.
É arte rir de si mesmo, se embriagar; é arte chamar qualquer merda de arte. Antes eu fosse dissimulado, só estou com insônia e entupido de café - até os mecanismos pelos quais me altero são enfadonhos. Há muito mais beleza no viciado que apaga com uma agulha hipodérmica no braço. Ridícula a dor de desejar e idealizar tal sorte!
Constantemente culpo os outros pela minha angústia - são os demônios a me visitar na madrugada; é o fantasma da musa a me despertar o desejo - mas sou eu o grande culpado. Já há algum tempo que me basto, exorcizei os demônios e matei o desejo, já há algum tempo que me basto! A solidão não é problema, mas sim o que faço dela.
E o que faço dela? Não faço nada...
Tomei posse de um reino extenso: o eu interior, e nada fiz. Tenho plena ciência de mim, me desvendei em termos e se desconheço algo é por criar um vazio de indeterminação. Brinco com as palavras, controlo a mente, me inebrio com a rima que não rima na fluidez do raciocínio torto...
E vem a raiva; e vem o ridículo...
Tenho que parar de deixar trabalhos da faculdade para fazer de última hora! Tenho que matar o desgraçado que faz questão de aguentar o Galvão Bueno para gritar gol antes de eu que aturo o maldito delay para fugir do imbecil! Tenho que parar de ser tão ridículo! Parar de fumar, parar dormir, parar de não-dormir, parar de reclamar...
Não, aí é pedir demais.
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