É necessário, então, uma mentira primária, a pedra de toque do discurso derivado e vulgarizado do sentimento puro. Digo isso ao se ter como objetivo na comunicação o simples alívio de se supor contato (ainda que baseado na mentira) e não a transmissão verdadeira de sentimentos ou mesmo ideias, essa sendo uma utopia.
Se existisse um entendimento entre as pessoas, uma verdadeira transmissão - a empatia, como se diz - dúvido que tivéssemos tantos problemas ao longo da história de uma raça que parece primar para o extermínio de si e de todo o resto. Entendendo a dor alheia como dor sensível além do vocábulo frio, julgo que os agressores seriam minados em sua maldade. Claro que isso tudo é muito hipotético... e vago
Mas existe uma base teórica para meu discurso, este que ruma para o não dito e que te força a pensar que existe algo que eu lhe oculto - uma chave secreta do pensamento. O objetivo é, antes de falar do que se fala, criar essa falta de algo que, bem verdade, eu nunca lhes darei e talvez nem sequer exista. Não sou decífrável, assim como ninguém o é.
O que é acontece é que sou
E aí você torce para a pessoa entender (ou não te julgar louco, pelo menos)....
Hoje quis falar de amor, mas acabei teorizando sobre coisas que por muito sou fraco e débil para debater. O que é esse querer tão facilmente subjulgável? Nem tudo dá para explicar pela preguiça. existe algo mais: o desejo. Aí então, é impossível... a escala da imprecisão só aumenta com esses tópicos ( sentimentos < vontades < desejos).
E o que quero dizer com tudo isso? Exatamente o que você está lendo (ou nada). Uma vida em movimento te obriga a limpar os trilhos, você se condiciona para a manutenção e o progresso contínuo. É daqui até a morte, se não a biológica, ao menos a metafórica de mais essa identidade que criei. Por isso o desabafo, é um alívio mecânico.
O eu antigo que sentia tanto parece obsoleto pois que o que posso explicar e botar no discurso é sua a neurose, sua paixão infantil, sua preguiça e sua fragilidade - ele se define, quando se define, por diagnósticos do que deu errado. Tudo o que pode ser posto como virtuoso faz parte do que não posso explicar, então, para que falar dessas coisas?
Aliás, será que existem tais coisas?
É comum que se tenha uma ideia errada de si, nem todo mundo tem o espelho da alma bem regulado e essências perturbadas podem emitir luzes que se dobram no tempo e no espaço. Talvez eu não tenha sido nada do que fui (pois deveras fui, embora no engano, as sandices que escrevi, no momento em que escrevi!), talvez eu não exista.
Existe alguém, no entanto, afinal, alguém deve estar escrevendo, alguém deve estar sentindo... alguém tem de ir no banco do motorista, qual é a alma que se guia sozinha?
-A minha
talvez
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