A sensibilidade espiritual pressupõe o erro - desculpe, mas é essa a verdade. Ainda é possível ser delicado, como o fui ao título dessa morosa postagem e me foram ao me comunicar a natureza errônea de meus pensamentos, mas pra que?
Essa coisa de alma está ultrapassada e o ego escritor é uma das personalidades fantasmagóricas que podem compô-la, por isso posso falar de alma mesmo sendo ateu.. ou talvez eu seja hipócrita, se eu for largar a conversa mole em que me proclamo como "pensador dinâmico", deveria assumir como sou fraco em minha convicções e somente isso.
Ser saudável envolve a expurgação de certos males e, dentre eles, consta a alma. Sim, a cura tem um quê de exorcismo (ainda há espaço para essa velha arte!). A vida real tem matado o outro que me habita, quando o que você tem supera o que você deseja, é possível existir de fato... o que é um saco, convenhamos. Prefiro o tédio.
Reclamar do que não acontece e ir longe nas impossibilidades de um universo infinito é muito mais divertido do que manobrar no possível, alocar o coração no que é conveniente é um pecado! É até confuso chamar de ilusão aquilo que me toca.... ilusão verdadeira seria esse teatro estéril do cotidiano produtivo de que me fiz protagonista.
Só que nem tudo é assim tão certo. Tendo de lidar com a alcunha de equivocado já levanto dúvidas de mim mesmo no início de cada pensamento - esse negócio de se levar a sério é problemático. Cada sensação processada é uma sentença, tenho de vivê-la a flor da pele, do contrário não vale a pena tê-la ou senti-la. Tem de passar pelo rascunho!
Tamanha é a pressão por interpretações mais engenhosas da vida que a maioria de meus escritos morre nas linhas de pensamento arquivadas no subconsciênte pela chave de veleidade ou loucura. A neurose da vez é ter certeza.
Mas voltemos a ilação, do real como ilusão, por que haveria de ser uma tolice? Pelo o que tenho como real. Em algum momento, aprendi que devemos acreditar somente onde dói, tatear o mundo usando do próprio coração exposto ao invés das mãos. Se uma ideia dói-me mais que um tapa, é essa a realidade... e digo mais (se preparem)!
Doendo o tapa o racionalismo ainda indagaria se o que feriu foi a agressão física ridícula ou a ideia do tapa, a humilhação, podendo ser essa a realidade - superando, portanto, o ato físico. Não sei até que ponto fui claro (ou até que ponto acredito nessa teoria, se eu parasse para pensar nem escreveria uma linha), mas é bem por aí.
Puro masoquismo desprezar aquilo que não causa dor! Pois que a classificação de ilusão - que leva a acusação do erro, fatal à um perfeccionista - é sim uma forma de desprezo. Decidindo o que é a verdadeira ilusão defino o que de fato existe em mim... se é que existem fatos nessas indagações. Tenho a impressão de que me perdi em algum ponto...
Enfim, não precisa causar dor para ser real.
É, o texto não possui uma conclusão, a normalidade me direcionou à atos mais nobres que essa escrita escapista e confusa. Poderia acabar aqui ou daqui a dez linhas seguindo uma mesma direção que não chegaria ao final do pensamento.
Fico tentado a ameaçá-los com mais um adeus desses tantos que tenho dado nos últimos tempos. É engraçado, não sei o que é mais mórbido: se quando falo propriamente da morte ou quando ameaço um suicídio literário.
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