Descobriram no meu estágio que tenho um inglês razoável, nunca fiz grande alarde por ser essa uma coisa cada vez mais frequente e básica nas pessoas jovens e eu, como sabem, tendo essa pequena mania de desprezar tudo aquilo que é comum. Enfim, meus colegas de trabalho não acharam tão mundano, o que me fez pensar...
Que eu faça então algum uso desta habilidade redescoberta!
Nesse sentido, ocorreu-me uma expressão em inglês para intitular a postagem de hoje (Misery Loves Company) que, em uma tradução livre, significaria algo como "tristeza adora companhia" - pensando naquele que não suporta a felicidade alheia e se mete a atrapalhar. A indagação então caminharia no sentido de ver o porquê disso...
Dá para pensar nesse sujeito de duas formas: como despeitado que se ressente, tem inveja ou qualquer outro sentimento conflitante com a pessoa em estado de júbilo; ou como sadomasoquista que goza do próprio sofrimento e também do do outro. De qualquer forma, falamos aqui de uma presença tóxica e perigosa que propaga a sua dor.
E a pertinência, cadê? A expressão me serve bem, não estou muito longe disso, tanto de um perfil quando do outro. Mas, olhe, não vá pensando que eu esteja admitindo que sou má pessoa! Não é o caso... somente reconheço nem sempre ter bons pensamentos.
Até me ocorre vez ou outra a dúvida do porquê de tantas atribuições excessivamente positivas a minha pessoa sendo eu uma alma tão pesada e negativa: é justamente a timidez. Preservo e crio muitas amizades pelo simples fato de me manter calado.
Não é segredo por aqui que os meus últimos anos foram bastante insatisfatórios... sei bem que para muita gente foi pior e que tive lá meus momentos bons, mas se a felicidade se resumir a essas pequenas ilhas ensolaradas na imensidão de um oceano negro, eu vou achar isso tudo uma grande merda digna de inesgotáveis reclamações!
E ninguém quer saber de quem lamenta demais, por mais que eu goste do alívio de por a angústia em palavras, reservo os maiores desabafos para a escrita - aqui só lê quem estiver interessado não tendo eu de aturar a distação ou o interesse falso.
Talvez não goste tanto do sofrimento, só naquela medida normal que a psicologia vai atribuir à qualquer um, mas sim de lidar com ela. É praticamente meu instrumento de trabalho! E de tanto usá-la torno-me por acidente a própria tristeza - ainda que, como tristeza, não deixo eu de ser eu e abominar e até temer a solidão.
Entende aonde quero chegar?
Busco os meus pares como qualquer um, desejo a quem me mostrar os meios de se trabalhar com o que possuo. Não me fale em pensamento positivo! A tragédia funciona para mim... ou melhor, é o que vai ter de funcionar (eventualmente)...
O problema é que cada um tem aquilo que é seu e que funciona e ignorando ou até desprezando a diferença na minha ansiedade de buscar a identificação no outro (ou mesmo a distinção, me enaltecendo pela ridicularização alheia), acabo atopelando a individualidade... ou assim faria se dissesse tudo o que se passa em minha cabeça.
Sério, por vezes passo vários minutos pensando em coisas que desestabilizariam determinado alvo: "o que o faria chorar?" - "o que o deixaria puto comigo?" - não sou fácil. E geralmente são pessoas que eu gosto, vem de graça essa vontade de "atrapalhar".
Só posso concluir que são inúmeros os mecanismos de auto-sabotagem dos quais disponho. Puxa, até fazem mais sentido aqueles filmes em que o herói sempre encontra o botão de auto-destruição na base do inimigo! - sempre achei aquilo ridículo, mas agora vejo que é inevitável crescer sem se expor aos males dos outros... e de nós mesmo.
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