Fogem-me as palavras. É, eu que sempre tive tanto a dizer nessa mania tola de dar resposta pra tudo, sinto um nó na garganta ao pensar no peso que tem um adeus - ponto final, encerramento de um capítulo da minha vida onde vocês foram os principais personagens. Nada é definitivo, mas resta indagar: até onde se estenderão os atos dessa família postiça que criamos? Pois que se tornaram mães, pais, tios e irmãos nesse meio tempo.
Talvez, com sorte, a vida ainda nos reserve algumas participações especiais: esbarrões no supermercado, filas de banco - situações do acaso - e também oportunidades no lúcido esforço de manter contato através de e-mails e telefonemas. Mas é adeus, nós sabemos, mesmo que voltemos a nos ver.
A melancolia injustamente tentará roubar a cena, se já não roubou em meio a palavras tão carregadas do momento de despedida. Não deixemos que isso aconteça, pois, que fique claro, sou todo gratidão e regozijo por tudo o que me deram, por tudo o que aprendi. Foi inesperado, ainda que previsível e nada espantoso, que tenha se sucedido o que se sucedeu, mas a verdade é que minha estadia ia ser mesmo temporária, aconteceu apenas que meu parto foi prematuro e tudo bem. Estou pronto e já faz algum tempo.
Obrigado por isso, devo a vocês, e me desculpem se minhas atitudes de repente representaram arrogância. Não, esse não sou eu, com humildade aprendi com aqueles que quiseram me ensinar, com aqueles que puderam me ensinar. Sou novo, sou novidade, pequeno ainda nesse mundo de adultos. Aqueles que se intimidaram de alguma forma é por verem em mim algo que não possuem: um futuro. Desejo à esses boa sorte em adiar o inevitável que acomete as pessoas sem perspectiva.
Já aos outros, aos amigos, aos que valem mais o meu tempo e minha consideração, aqueles que junto comigo se entusiasmaram em escrever esse capítulo de descoberta e amadurecimento de minha vida, à eles todo o meu afeto, todas as minhas palavras - até a última delas. Adeus
0 comentários:
Postar um comentário