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23 de outubro de 2011

Queime Depois de Ler (ou antes)

Quem aí acredita em qualquer coisa? Tem de ter coragem, força e nenhum senso do ridículo. Idolatrias e ideologias estão em crise - já tentamos de tudo, de tudo nós usamos e invalidamos. Mesmo a criatividade, ou o que sobrou dela, não nos dá subsídios para a esperança: jaz tão somente alimentando os fetiches tecnológicos. A inevitável sensação de que, como humanos, já nascemos fadados ao fracasso ou, indo mais além, já fracassados, nos impede de sonhar algo além de nossos sonhos de consumo.

Algo precisa ser feito! - soa o chamado ao combate para aqueles entrincheirados na indiferença até o momento. Vão então jovens, sobretudo jovens, manadas deles para o sacrifício, uma horda de ignorantes nadando contra a corrente de balas e murros. Acreditar, se indignar (acreditar mesmo!), tem um preço forte, que se saiba: a vida.

Imaginemos que recuperamos o nosso vigor criativo, que nossas fantasias não vem mais em embalagens, imaginem!  Desculpe a desilusão, mas um aviso antes de continuar: é tolice concluir (rebobine a fita se for o caso) que se voltarmos a sonhar veremos algum dia o mundo subitamente mudado. Não! É preciso morrer depois de uma vida de combate (real ou metafórico) para que as gerações vindouras colham a mudança no solo adubado com nossas ideias e nosso cadáveres.

Sim, palavras fortes e em até certo ponto minadas pela demagogia intrínseca ao discurso, mas que, ainda assim, devem ser ouvidas por pretensos revolucionários que se tornaram meros tumultuadores - quem diz que é parte da mudança está sendo ignorante. Em um mundo estagnado como o nosso, freio escondido pelo progressismo da tecnologia, os que quiserem fazer alguma coisa de positiva, legítima, imediata e de causa e efeito claros servirão de bucha de canhão para anunciar o levante. Ninguém em sã consciência iria querer algo assim!

Estamos todos conectados pelas relações de trabalho, interdependências econômicas, guerras... portanto dizer qualquer coisa sobre o sistema que nos acompanha de nosso nascimento, promove nossa ascensão e por fim dirigi-nos ao alívio da morte, se torna um risco - passamos por constante vigilância. Não, não falo de um Big Brother, mas de nós mesmos e de todo o moralismo de que é possível prover-se um cidadão idôneo. Como ser íntegro, honesto, coerente, ao criticar ao que lhes deu tudo? Deu-lhes abrigo, roupa, comida, uma boa criação (e por consequência as palavras que usaria como arma) e todo o pano de fundo para nossas fantasias, alegrias, histórias de amor e amizade...

Se está no mercado de trabalho, costuma se perguntar para onde está direcionada a sua força de trabalho? O que tem financiado por quarenta horas semanais? Qual a missão social da sua empresa? E, caso seja funcionário público, quais as ações de seu governo que alimenta com votos, impostos e até com seu trabalho? E mesmo se não estiver empregado, o dinheiro vem de algum lugar... e tão importante quanto: vai para outro. Parece-lhes absurda a hipótese de que não só o bater de asas de uma borboleta pode provocar um furacão mas também pequenas indulgências como a compra de um tênis caro ou relógio coloque um fuzil nas mãos de uma criança? Nunca saberemos. Santo melodrama! Eu sei... eu sei...

O ponto é que ter fé, seja em algo maior que coordene nossos princípios ou na própria humanidade (no futuro harmonioso dela, para ser mais preciso) se assemelha a andar sobre tábuas podres: é um exercício que não se sustenta de forma segura tamanhas as mentiras e contradições. Se há uma princípio que coordene a humanidade é o do caos e do desastre. Diante disso, o mais sensato parece ser não se mexer o quanto for possível, acreditar calado ou viver como um ermitão, apreciar ideias por sua beleza e nem sequer como um sonho belo, mas como filme mental que rodamos com o imaginário ocidental que nos é vendido desde os filmes da Disney, passando pelas sitcons americanas até chegar nos filmes que nos fazem nos sentir tão espertos só porque não tem final feliz.

Um palco esterilizado para nossos desejos.

Há, entretanto, uma saída, companheiros: a hipocrisia - não ligar para as bases podres nas quais se equilibram nossos pés e sim para as estrelas que ambicionamos alcançar com nossas ideias. A realidade material de nosso planos pouco importa e tão pouco a esperança (avante, pessimistas!). Nós devemos deixar de ser tão íntegros em nossos discursos, não dissimulados como os malfeitores, mas apenas hipócritas. Pois se dissermos apenas o que sentimos e vemos, veríamos e sentiríamos sempre as mesmas coisas: é preciso distorcer, criar palavras melhores do que nós mesmos para que os que vierem depois alcançarem-nas ao subir sob os nossos ombros cansados.

Se minhas palavras carecem de lógica, perdão, mas nunca ambicionei fazê-lo, quis apenas fazer sentido: assim se formou essa ideia insípida... porém, muito inspirada! Por fim, arremato: não acredito em Deus, talvez um pouco na sorte, sobra-me então a Hipocrisia.

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