Às vezes pergunto do porquê dessa busca por isolamento se o que me perturba é a solidão. Parece tão infantil cair em contradição nesse ciclo vicioso evitável. Mas sigo calado tendo meus gritos abafados pela escuridão que me cerca, sigo constrito em meus ritos de Tédio, restrito à infelicidade como se minha tristeza fosse poesia quando na verdade é só... tristeza. Tudo isso tem um motivo, sempre tem, por mais idiota que seja.
Descobri em mim mesmo mais humanidade do que em qualquer outro lugar, a minha angústia é vida, é vívida e somente só é que encontro a verdadeira companhia. Cedo ou tarde todos me traem com despedidas, expectativas, e não posso mais me decepcionar quando chega a hora de voltar ao meu estado natural. Sou observador da loucura, mas não parte dela. Nasci intoxicado por essa sobriedade que vai manter meus olhos bem abertos pra assistir minha própria morte lenta e dolorosamente no cotidiano sem anestesia.
Ou até, se existe anestesia é ela, essa ausência aparentemente oportuna do sentir, que é a própria morte. Descobri hoje enquanto olhava a hora passar e matava sentimentos no êxtase das páginas de humor na internet que só faço isso, só mato, só destruo e se crio algo nesse mundo é pela tecitura do relato de como minha alma chegou aos frangalhos, de como nasceu velha, viveu velha e morreu velha, apodrecida e sem qualquer dignidade. Vivo para me distrair de meus sentimentos pois são todos podres e errados.
Sobra-me ler para me distrair de minha própria futilidade, julgar-me alguém, acreditar por alguns segundos (enquanto começava o segundo parágrafo) que se existe problema é por exceder em mim alguma qualidade e não por faltar escrúpulo, por faltar maturidade, por faltar... amor. E vou lendo Fernando Pessoa, vou lendo Álvaro de Campos e achando que sinto alguma coisa de extraordinária e me distraindo do que verdadeiramente floresce nesse coração tomado de ervas daninhas, de vícios, de egoísmo e solidão.
Minha juventude tem sido uma sequência de capítulos finais, de possíveis suicídios, uma série cômica com enredo fechado prolongada a mando dos patrocinadores. Devo um futuro aos meus pais; devo ainda muitos sorrisos aos meus amigos; devo um pedido de desculpas ao mundo por não ter sido capaz de instigar a Mudança. E por essas responsabilidades me seguro, mas não sem perceber que minha vida é uma farsa.
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