Música

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5 de julho de 2013

Nada para ler aqui

Já não é de hoje, parece que odeio tudo o que me ajuda a escrever. Amaldiçoo a frieza dos computadores, faço desfeita para as poucas laudas em branco que restam em meu caderno e julgo ferozmente como débeis e frágeis as ideias que me chamam. Parece que nada é digno da palavra, esses dias e a vida não merece mais do que um longo e quase interminável bocejo. Não sei se culpo a minha falta de imaginação, de ânimo - de inspiração - não sei mesmo se há algo pra culpar. Talvez o silêncio que se impõe deva ser um fenômeno a ser respeitado ou temido.

Do respeito eu não tenho certeza, não tanto do objeto a ser respeitado (o silêncio), se o merece, mas uma incerteza acerca do respeito em si. Sou uma alma indolente, nem digo rebelde, mas indolente, característica daqueles que tiveram pouco ou nenhuma dificuldade na vida no que resulta um narcisismo exacerbado que acha feio o que não é espelho. Respeito aquilo que me engrandece, qualidades e falhas, elogias e críticas, mas tudo tendo a mim como referencial absoluto sem espaço pra alteridade. 

Minhas mãos não tem calos e minha alma não tem couraça, é lisa, fraca e gorda, muito gorda de tudo o que sorveu por aí servindo a gravidade de meu ego-centrismo que tem sempre de tomar em sua órbita o universo e um pouco mais. De respeito, então, entendo pouco, mas de temor...

Há sempre algo que se esconde pra além do universo, o desconhecido conhecido-inefável - o silêncio - esse buraco negro que pode reduzir toda a Vida ao tamanho de uma caneta, uma caneta que não escreve, pois tomou a  quem escrevesse e engoliu a própria História; um buraco branco, supernova, explosão de todas as cores que ao ser tudo também não é nada... e os mais científicos que me perdoem as digressões imprecisas. É tudo tão estúpido, eu bem sei!

Estou recolhido dentro de mim, ainda que exposto no óbvio de meu ser. Sou um sujeito calado, quase monástico as vezes, mas nunca me arroguei de ser incompreendido ou misterioso, o que me sossega os lábios e os punhos que já não procuram lavrar palavras é a certeza de que nada tenho a falar. O nada me ocupa, natural então que se fosse externar algo seria uma mera execução ou movimento de nada - o Tédio.

O nome desse blog não é à toa.

Aqui, não procuro instigar ninguém, nem a mim mesmo, pois minha ansiedade-depressão já é suficientemente carregada de auto-estímulos; aqui, contento-me em descarregar uma parte de mim mesmo que, ao sair, não é mais minha e repudio; aqui, faço um truque com polias e roldanas para travar ou movimentar o silêncio e distinguir quem sabe uma ou outra vontade do espectro de sentimentos que só mostra o nada, como uma roda de várias cores a girar mostrando apenas o branco. 

Sou assim, analisado assim, metaforizado assim, uma profusão de ansiedades de querer e ser tanto que, de alguma forma, me imobiliza em um sono que muitas vidas não dariam conta de sanar. E o que faço é dormir, escrever uma coisa ou outra que me dê paz ou sono, por vezes lutar contra o que sei ser uma condição natural e inercial de meu ser, mas sobretudo dormir.

Sozinho, eu não vou a lugar algum. Respeito demais esse meu próprio universo para fazer qualquer coisa, somente a alternidade me fornece o incômodo, o impulso, para agir. Há quem vá dizer que a verdadeira mudança vem de dentro, mas o máximo que posso fazer, ao menos nesse momento de angústia, é empoderar-me do conhecimento de minha condição e esperar por alguma ajuda ou mesmo companhia e me assistir enquanto definho se nada puder ser feito.

Um possível surto de auto-piedade, reconheço, meu orgulho não me deixou tecer as últimas palavras sem um certo incômodo, mas, por mais terríveis e fatalistas que elas pareçam ser, são a mera constatação de que eu me sinto sozinho. Não deve ser condenável que alguém se sinta triste por isso. Poderia sim pedir qualquer ajuda, mas fui eu quem buscou esse exílio, sou eu quem cria o silêncio e nele devo perecer.

Chega a ser irônico, um escritor cuja a grande capacidade é a de instigar o silêncio.

De tudo, me resta abrir o meu coração, expor o que eu já considero exposto e óbvio. Cada dia que passa eu sinto como se estivesse me afogando em um imenso nada, as vezes acho que nada resta, mas sempre há algo que destoa, um sentimento que vem a superfície, respira e depois torna às profundezas. Imploro então aos amigos, aos amados companheiros de minha jornada até aqui, que atentem aos detalhes, ao que destoa de minha superficial indiferença.

Se é verdade que é possível escolher aquilo que somos, escolho ser a exceção de minha própria essência, sou o exagero, sou a minha capacidade de amor e seus feitos extraordinários, sou o próprio amor; sou um vir-a-ser tímido, uma promessa, sou o futuro de mim presente nos sonhos que compartilho com quem estiver ao meu lado. E se não sou totalmente tudo isso, sei que sou parte e peço que ao menos me seja permitido ser reconhecido como tal.

Mas, pensando bem, com toda essa conversa mole melodramática parece que sou também um grande e imenso clichê. Terrível, parece que estou escrevendo um elogio fúnebre a mim mesmo! Bom, que fique a sugestão, uma alteração aqui e ali e esse texto pode servir a esse propósito no futuro. Enquanto isso, vou voltar ao silêncio, isso tudo é muito ridículo.

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