Matemática

Ontem falei dos dogmas científicos, das apocalipses metrificados e explicados, das vidas quantificadas. É uma boa deixa para matematizar a existência.

Acho que o primeiro passo é analisar a vida. Vejoa-a como uma eterna subtração, por mais que crescemos intelectualmente e emocionalmente, estamos cada vez mais próximos da morte. Quanto mais experiência, menos possibilidades.

Em contra partida procuramos somar aquilo que nos tornaria completos: o amor verdadeiro. Desesperadamente olhamos atentos para a multidão em busca de nossa outra metade, aquela que curaria esta solidão implacável, que anularia este saldo negativo.

Este amor seria indivisível, ao menos da forma convensional. O aplicariamos como anestésico para as dores e angústias do dia-a-dia. O dividiríamos em doses homeopáticas por toda a vida e nunca se esgotaria. Permaneceria íntegro como no primeiro dia.

Porém a matemática é fria e exata. Tudo tem um fim, tudo tem um limite demarcado. A procura por esse amor ilógico só nos faz multiplicar tudo aquilo que tentamos sanar. Nossas angústias, tristezas e nossa solidão.

Assim como na exatidão fria que os algarismos nos apresentam algumas coisas não mudam. Podem apresentar alguma ligeira alteração em sua superfície, mas serão iguais em suas essências. Por isso digo: um é um, dois é dois, quatro sempre será quatro e o seis porém, pode ser meia-dúzia.

A solução para este problema se resume então a resolver a incógnita que faria tudo isso ter algum sentido. Temo porém, não ter essa resposta. Na ausência de fórmulas só nos resta atirar no escuro e esperar que algum dia descobriremos o valor de "x".