Resumo dessa vida sem rumo, síntese do sentimento de amargura que tomou conta, essas são as duas últimas palavras que restaram de um escritor, em treinamento é verdade, mas um escritor. Alguém que, mesmo falando do mesmo incansavelmente com as mais diversas abordagens, se perdeu no caminho. Esse sou, essa é minha vida: entre fumaça e espelhos.
Se não me engano é originário de uma expressão em inglês que designa ilusão ("smoke and mirrors"), música inclusive de uma de minhas bandas favoritas ( Symphony X), o que pouco importa, pois nunca prestei atenção na letra. Apesar de artesão das palavras sempre vi muito mais poesia nas melodias.
[ Sem querer devanear, mas já o fazendo, o filme "Letra e Música" tinha muito potencial para ser um de meus favoritos, mas acabou sendo mais uma comédia romântica barata]
Para além do sentido de ilusão, essa expressão pode ser usada um pouco mais literalmente. Dissecando-a você encontra duas palavras-chave de meu estado: fumaça, para o vício recém adquirido do cigarro; espelho, para o narcisismo incontrolável e as constantes auto-análises e reflexões sem trazer qualquer evolução para esse estado semi-depressivo.
Em alguns momentos esses dois elementos se encontravam nos inocentes primeiros tragos escondidos no banheiro quando me olhando no espelho perguntava: "Então é isso?". É isso sim, Luis, sinto muito. Sem rumo, sem palavras e as vezes sem cigarros... não, não! Isso não pode, hora de comprar mais.
Da para se viajar ainda mais sobre os significados trazidos por essas duas únicas palavras, um ser tão unidimensional e desnecessariamente complicado não merecia nada além disso: duas palavras com múltiplos significados e desdobramentos. A maioria deles sinônimos.
Só resta dizer que tudo virou fumaça, vestígios de uma vida pairando no ar dando alguma esperança de que ainda exista fogo, de que ainda exista paixão que valha a pena. E na ausência de chamas esperar que dessas cinzas ainda surja uma imponente fênix alçando voo na imensidão do céu, desbravando o desconhecido e até a própria morte! Aí está a ilusão.
Encarar o fim é complicado para quem já foi tão envaidecido, ter de recomeçar é um pecado para um sujeito calmo e preguiçoso. Aqui está o encerramento da obra, o capítulo final, a inscrição na lápide. Duas palavras, as duas últimas palavras de quem já não tem ânimo ou capacidade para buscar novidades.
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