Preparei um ninho de afeto e uma dose de realidade para sanar o romantismo solitário que tanto me privou da normalidade. Continuo meus experimentos, desta vez falando em meio a um deles: da casa de meu pai, junto de meus irmãos em tenra infância, me afasto da causa que tomei por opressora. Quanta besteira!
Sou tão cheio de mim, tão orgulhoso de uma suposta inteligência, e mesmo assim me rebaixei a um raciocínio tão simplista como o de me considerar vítima do meio! Seja aonde for ainda sofro pelo mesmo... o mesmo... o mesmo, enquanto for eu o mesmo.
Aqui não existe silêncio, gritos e passos de crianças, a televisão alta, as refeições, as sonecas, os banhos e as brincadeiras. A casa é maior, mas a intensa atividade me impede de ficar sozinho em um cômodo por muito tempo, não que eu desejasse tal coisa, só observando.
E aí que reside o conflito: ainda que eu me delicie com todo o amor que me rodeia, ainda que quebrar a rotina sempre caia bem; "quanto maior a luz, maior a sombra."
Estar acompanhado só me lembra do quanto sou sozinho e do quanto a solidão me serve bem. Toda a felicidade desses dias carrega uma tristeza, como que um grito que seca, na garganta, de desespero por ter os lábios cerrados, presos à um sorriso mórbido.
Que grande teatro! Como é que fui ousar tentar sair de mim mesmo?! Serei sempre hóspede desta casa medíocre: pequena demais para receber emoções novas; grande o suficiente para se sentir a solidão.
3 comentários:
Somos seres sociais e o convívio com outras pessoas é indispensável, mas todos sabemos a realidade: nascemos e morremos sozinhos e nossas experiências são adquiridas individualmente. A solidão nada mais é do que um caminho para o autoconhecimento.
Adorei o Blog. Parabéns.
"quanto maior a luz, maior a sombra."... (nunca soube fazer citação de uma citação de texto) e, "quem nao soube a sombra nao sabe a luz"... entao, poe a cabeça pra fora
Adorei teu blog, estas de parabens!
Gostei de verdades das coisas que vc escreve.
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