Um movimento e está tudo acabado, a vida é frágil. Morrera muito antes de estar ali junto à lâmina, um pensamento e tudo se vai em angústia. A moça lavava sua louça sem saber o que a esperava. Pulou das sombras um invasor com intenção clara. Arma em punhos, pensamento mais afiado que a lâmina reluzente: iria matá-la!
Não desistiu sem lutar, deu combate com pratos, copos e panelas. Caiu tonteada por um soco, o homem soltara sua arma, vitória! Durou poucos minutos, logo já estava sobre a moça encostando a lâmina serrilhada fria que já lhe sugava o calor e na sequência a vida. Prensou o pescoço, alguns dentes do punhal perfuravam a carne. Ele sorria.
Queria vê-la gritar, romper com o silêncio. Pobre tolo de ideias e tolas! Onde já se viu esperar da morte a quebra do equilíbrio, não era justamente o descanso eterno lar de toda a paz? Não cobria a boca, não lhe minava os movimentos. Deixou-a na capacidade de decidir seu fim, se se movesse ou gritasse estaria acabado.
Ela não gritou, se limitou a fulminar o agressor com um olhar de desprezo, asco e, por fim, pena. Veio para matá-la e não conseguia, só há pena! A troca e olhares o desgastou, cortou-lhe a garganta em um movimento ríspido e continuou a esperar o grito... o silêncio não foi quebrado. Não há o que se fazer.
Pobre homem.
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