Estive mais uma vez pensando tragicamente sobre a vida, ponderando como quem vê a própria morte a todo instânte. Por vezes, a eminência e inevitabilidade da mesma é que assusta, por outras, são enterros sucessivos de emoções e memórias velhas. As mortes e a Morte me tornam disperso e confuso por falar outro idioma: o do luto.
Digo "mais uma vez" porque não é de hoje que sustento esse comportamento, em outra ocasião, aqui mesmo no blog, falei sobre a negação. Sendo concebidos geralmente como cinco os estágios do luto, ainda restou falar dos outros quatro.
Vivo dilemas bastante simplórios de uma vida vulgar e irrelevante e, ainda assim, desproporcionais ao recipiente. Minhas ações, e nisso contam minhas palavras nesse texto carregado e pastoso, não dão vazão à tudo o que sinto. Talvez ainda, minha incompreensão seja tamanha que transformo o simples em maravilhoso, como criança.
Essas vontades, esses sonhos e desejos se acumulam e se frustram em amores impossíveis: o amor pela música, de um instrumentista inapto; o amor pela musa, de um artista sem talento; o amor pela vida, de quem só se veste de preto.
E, como que embriagado pelo bombardeio emocional, vejo tudo girar: "pare o mundo que eu quero descer!" Tudo ilusão, tudo metáfora, tudo mentira, tudo pompa... tudo? É um imenso nada! Isso sim. Mas não chego a estar com raiva. Não, eu barganho.
O desânimo pelas descaminhos de quem muito quer, sem mal dar conta daquilo que tem, me faz entrar em parafuso e negociar com autoridades invisíveis. Entrego-me para dias de um hiatus completo, adio tarefas, desobedeço ordens, honro a digníssima preguiça! Considero-me alforriado dos grilhões da maioridade por merecer um descanso.
Ora, só tenho a perder com isso, ficar parado não ajuda em nada. Mas não! Sou merecedor destas regalias, da isenção das responsabilidades, que o mundo pare para eu descer! Que se for para sofrer, que seja com direito à um espaço de conforto!
Prefiro não encarar a verdade, mas o mais correto seria dizer que "se for para sofrer, que seja". Mas aí já seria caminhar para a depressão, o penúltimo estágio, ainda tenho a raiva pela frente. Ainda barganho, ainda luto, ainda a amo como naquela sexta-feira.
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