Dia Internacional da Mulher

"Aproveitem, mulheres, que o dia é de vocês... os outros 364 são nossos."

Ou ainda...

"Se minha postura é, por vezes, preconceituosa e possuo um problema no tratar com as mulheres, é por me perder na tradução dos sexos. Odiá-las? Meu problema é amá-las demais!"


Hoje é dia...

Começo o texto com clichês do pensamento masculino, por este dia ser igualmente superficial. Mas calma lá! Não chego a ser sexista ou algo do tipo. Não, não é isso. Meu ponto é: que valor tem um dia que honra metade da população mundial? Para que eu começasse a digerir a ideia eu teria de diminuir, ao menos um pouco, as homenageadas.


Poderia, então, tratar de honrar as ilustríssimas damas que dão aquela ternura e consistência ao meu dia-a-dia, as poucas que têm a santa paciência para aturar este escritor neurótico que vos fala (que não perdoa sequer uma data tão consolidada).


Entram na minha lista:

(eu, meu irmão e minha mãe na festa brega)

Em primeiro lugar, a minha mãe... lógico! Afinal, eu, que muito me afirmo, a todo tempo elogio a obra ela. Meu egocentrismo é grande, mas não a ponto de não reconhecer que grande papel teve essa mulher na minha formação. Contribuiu com a sabedoria de sempre se seguir em frente, estrutura financeira e um amor que só uma vida dedicada ao débito me faria merecedor.


Em segundo lugar, viriam todas as outras (sinto muito, mas é assim que funciona). Tem a amiga que me suporta quando eu estou mal, tem de ouvir minhas piadinhas... e até colabora! Tem a moça de longe que eu conheci outro dia com a qual não canso de conversar. Tem minha irmãzinha também de longe, minha madrasta, avós e adjacentes...


Nossa, é tanta gente! E cada uma merecedora de uma homenagem própria só por existir. Dessa forma, entro em um impasse: ou o feriado é inútil por ser de quase todo mundo, mesmo de quem não mereça (já pensou que castigo bacana: "foi uma menina má, perdeu o dia da mulher.."), ou é inútil por não fazer justiça à quem mereça.


O.k. chega desses devaneios, vamos ser racionais e analisar a situação de cabeça fria:

(Fábrica em Nova York onde morreram 146 mulheres carbonizadas em 1911)

Esse dia tem uma razão de ser, não está aí a toa. Tem uma razão histórica, o episódio da fábrica que aliás completou 100 anos, e uma subsequente razão social e, consequentemente, política (digo isso pela jogada feita pela futura candidara, Dilma, inaugurando Hospital da Mulher ontem mesmo). Não é só um "golpe publicitário", portanto.


Mais do que um dia da mulher, é um dia dos direitos da mulher. Oito de março deve ser usado para pensar no quanto o preconceito e o pensamento retrógrado dificultam a vida do sexo feminino. Não precisa comprar perfuminho, apenas pense no quanto você contribui para ao problema. Pare a piadinha de mal gosto, por exemplo. Coisas pequenas.


Preste atenção no ocorrido e reflita:

(Katrhyin Bigelow, prêmio de melhor direção por "Guerra ao Terror")

Já na madrugada de domingo para segunda, houveram questões para se pensar. A ex do James Cameron, o sujeito do Titanic e Avatar, ganhou o Oscar de direção. Engraçado que mais foi lembrada a relação dos dois e o posicionamento dela na cena hollywoodiana como ex do cara do que o fato dela poder ser, e de fato foi, a primeira mulher a ganhar o Oscar nessa categoria!


Ora, não é possível que nessas mais de oitenta edições não houvesse mulher que merecesse. Puro preconceito! Até eu mesmo contribui, mal falei o nome da mulher. Por isso, pensemos no assunto, caros leitores (e leitoras) para que a data não seja de um todo inútil.


E para todas as mulheres que persistem na luta por seus direitos no cotidiano, desejo um dia um pouco menos conturbado e tranquilo porque vocês merecem um descanso, feliz Dia Internacional da Mulher!