Desperto...
Um elemento estranho me perturba o sono, de repente o desconforto de estar preso a si mesmo não pode ser mais aliviado pela frouxidão dos sonhos. Como todo analgésico, não resolve o problema, apenas torna suportável a dor.
Acordo...
Entre o despertar e o acordar acontece uma deliberação intensa e rápida, um contrato é firmado e me forço a cumprir determinada jornada. Abrir os olhos é tão difícil, mantê-los abertos é quase impossível. "Só mais cinco minutinhos!"
Levanto...
Junto minhas forças para levantar das quedas consecutivas de outros dias, logo os problemas vem à tona me puxando para baixo. Estou de pé, confuso, exausto e pronto para dar o dia por encerrado, mas não é assim que funciona, não é mesmo?
Ando...
Passeio pela vida imergido no grande fluxo da rotina, mesmo cansado é possível se mover. Ando por todos os cantos sem deixar pegadas pisando na trilha de terceiros e quartos. Procuro não me exceder até que eu...
Corro...
Eventualmente, me sinto vivo e corro impelido pela adrenalina ou libero adrenalina por iniciar uma corrida arbitrária. Persigo fantasmas, afugento a minha própria sombra e quebro espelhos. Tento esquecer de quem sou e, inexplicavelmente, corro na direção da única que me faz sentir adequado à mim mesmo. Nunca fui um sujeito muito brilhante.
Amo...
A cada dia se inova um velho sentimento. Por vezes possue a intensidade e calor do verão, por outras a nobreza do outono; já me pegou desprevinido na virulência do inverno e, em outras ocaisões, até me apaixonou na primavera. Poderia dizer que é a melhor parte do meu dia, mas não ouso, mesmo porque..
Odeio...
Uma coceira terrível me pega desprevinido. Insegurança, ciúmes, auto-piedade e... realidade. O corpo e a mente já se recusam a manter uma alma tão atormentada e a expulsam pelos poros. Enquanto tento me desfazer de minha pele em brasa, amaldiçoo-a por fazer com que eu me sinta assim. Repreendo-me e procuro não extravasar o ódio.
Mergulho...
Torno a imergir na rotina e esquecer de todo resto, ligo o piloto automático sem programar o destino. Quando dou por mim já estou em casa novamente sem saber ao certo se saí algum dia. Mergulho em pensamentos procurando soluções. Frustro-me
Desisto...
Logo o sono vem e me traz um dia igual e este...
Distante de uma resposta, já mal lembro das perguntas. Fica impossível se concentrar até mesmo nos pensamentos que zumbiram o dia inteiro na cabeça e logo sobra apenas o som das batidas do coração cada vez mais esparças. Antes de me entregar ao sono, percebo estar desfrutando da melhor parte do dia:
Longe de mim o suficiente para esquecer de quase tudo, mas não o suficiente para esquecer que é tudo o que basta.
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