Não me fio a decidir sob quaisquer circunstâncias. Não presto contas à nenhum tribunal que não o de meu bom senso e para situações imediatas. Não cozinho ideias para preparar estratégias, raramente agrego elementos novos à rotina. Considero que a vida se resume a uma sucessão de erros inevitáveis, não cabem escolhas (seriam inúteis), apenas controle de danos.
Tenho o temperamento difícil, intenso, apaixonado. Sou impaciente demais para pensar e hesitante em demasia para agir. Se fiz uma escolha, foi a de viver assim (e nem preciso dizer que não deu certo). Há problemas que só são resolvidos com mais de uma sentada para refletir... e decidir! E outros tantos que exigem o pensamento rápido. Falta equilíbrio.
As coisas estão mudando, pelo menos. Já não me entrego ao pessimismo decretando impossibilidades e olho muito bem ao meu redor antes de me considerar sozinho. Se antes o conforto residia em ser o sofredor mais nobre, agora o que me anima é ter fé em uma idéia salvadora que possa surgir e destruir racionalmente toda essa angústia.
Contudo, não ganho mais que a satisfação do orgulho com essa guinada sutíl de pensamentos. Acreditar não é fazer, ter fé é a mais inócua das ações. Na verdade, o mais provável é que eu seja um grande hipócrita. Falta acreditar no que faço, falta cumprir o que me proponho (e, muitas vezes, prometo), falta incorporar o discurso.
Claro que, no final das contas, esse exercício mental todo não tem mais valia que uma carta psicografada ou uma fotografia de um pensameto fulgaz, um fantasma. É a eternização de uma parte minha (a pior delas), a infinitização da angústia. Escrever sobre esses sentimentos os torna ainda mais reais. Eu deveria é parar de escrever...
Amar deixou de ser um problema e, morrer, deixou de ser um temor. As preocupações são outras e não ao menos sei quais são. O problema é a falta de um problema...
É o terror!
1 comentários:
Eu acho que é um problema bem comum não conseguir realizar todas as idéias, eu mesmo me sinto assim alguns dias. Como se as ações da rotina não condissessem mais com os ideais. Eu acho que só tem um solução para isso, tentar ir associando o discurso a prática lentamente. Ninguém consegui mudar de maneira consistente de uma só vez, a transformação é lenta e gradual.
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