Acredito na mudança. Nos últimos tempos, tenho apostado todas as minhas fichas no projeto de mudar, seja no âmbito mais íntimo por acreditar, seja no plano concreto das ações ao me propor "exercícios" para habilitação no mundo adulto/real.
Quero mudar, quero crescer, quero ser alguém (partindo do pressuposto que não se é ninguém antes de atingir o pleno desenvolvimento). Nesse sentido, a primeira dor a ser tomada, sentida e superada é a de que, por hora, não sou ninguém. Para começar uma jornada é preciso ter a noção de que se está partindo de um ponto à outro.
Em um plano mais sentimental e intuitivo, há que se considerar, no mínimo, de que se está em uma situação não-ideal, em uma situação ruim, errada. Crescer é, por tanto, uma jornada para a relevância, para o ponto de chegada, para a situação feliz, ideal e correta.
Mas o que fazer quando aquilo que se considera como certo está do lado intitulado errado?
- Parar.
Essa é uma desilusão que não tem conserto. A inversão dos valores não só é difícil como me sai um tremendo despropósito. Parece que crescer me leva a negar uma parte de mim, a parte que eu considerava boa (e ainda considero).
A parte que ama, a parte que me move, ou melhor, a parte que SE move. Enquanto minha mente congelava diante dos obstáculos existiu sempre um setor que permaneceu produtivo, que não hesitava em avançar mesmo deixando todo o resto para trás. Nesse meu período ruim, do ser-ninguém, me centrei nessa parte motriz.
Só ela foi desenvolvida... a neurose, o tédio, a escrita, a angústia, a tristeza, a admiração, o pensamento obtuso, o carinho, a ternura, a fraqueza moral - tudo compondo uma suposta identidade.
Estou despido dela agora, não era ideal. Ainda assim, olho o que produzi nos tempos ruins como verdadeiros raios-x emocionais e não deixo de sentir uma certa admiração. Modéstia à parte, eu tenho um jeito para a escrita (e para o amor), no papel tudo é belo.
Desta feita, sou obrigado a reconhecer que existe beleza na tristeza, no amor platônico e no ser-escritor angustiado, mas uma beleza que não me é pertecente. Sou indigno das minhas próprias palavras mesmo que já elas não resolvam muita coisa.
Mesmo se essas sensações incorretas e não-ideias fossem passíveis de serem usadas, não seriam por mim. Tudo o que senti não era meu, não me serviu sem folga ou aperto. Aquele amor não era amor, aquela tristeza não era triste. Aquilo tudo era nada escrito por um ninguém. E ainda é, enquanto eu não resolver o que será daqui para frente...
1 comentários:
Os erros ajudam no crescimento. Siga sempre em caminho de seus ideais, só assim saberá o que é certo para você ou não. Afinal, tudo pode ser certo, dependendo do ângulo que se olha. Bom texto, gostei muito.
Beijos "Baú de Espantos."
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