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1 de maio de 2010

Fantasmas & Demônios

Na calada da noite, os estalos de móveis velhos, o farfalhar das folhas das árvores lá fora e as projeções de silhuetas sinistras pela iluminação esparça no quarto ganham uma dimensão terrível em um coração aflito. Como criança, vejo formas na escuridão e deixo que a imaginação preencha onde a visão falha e o tato não se atreve a explorar.

A abordagem saudável para avaliar o subconsciente se atém à interpretação simples das formas das nuvens ao céu, de manchas ostentadas por um psicólogo mais tradicional ou até mesmo num jogo de palavras rápidas que nos forçam a enunciados inusitados (dito que nunca dizemos o que não queremos dizer em nosso âmago).

Eu me forço ao simbólico mais sombrio, troco as nuvens, borrões e palavras fugidas por fantasmas e demônios. É esse o quadro que posso pintar, cada artista com sua habilidade. Para contar a história de minhas aflições é preciso pensar em fantasmas e demônios.

Já alerto aos mais preocupados e supersticiosos que não vejo tais criaturas, mas também dúvido que alguém realmente os veja. A questão é que explicar os tipos de angústia fica mais fácil se se pensar por essas duas alegorias. Então vamos lá:

Fantasmas

Falar em fastasmas já virou rotina nesse blog. Todas as neuróses mais comuns são responsabilidade de fantasmas. É o tédio, é a voz que me diz que não é para agora (e, às vez, que não é para nunca), é o medo de barata, o medo das pessoas, o medo de mim, enfim... é tudo o que me impede pelo "conselho".

Os fantasmas tem voz, ostentam discursos dos mais racionais e me assombram com argumentos muito convincentes (afinal, ninguém melhor para me convencer do que eu mesmo, eu os criei). São figuras bastante humanas e falam mais ao meu íntimo, se assemelham à mim. Flutuam, transparecem e aparecem ao bel prazer, são leves e ágeis.

Destruir um fantasma é complicado, ninguém sabe ao certo como fazê-lo, mas colocá-los de lado é bastante simples. Simples e difícil, é verdade, mas não há mistério. É tudo uma questão de determinação, se você deixar de ouví-los, nada poderão fazer. Sua tangência ao plano físico é frágil, só são imagem e som. Se você correr por eles, passará através.

Veja no caso do cinema e dos desenhos, por exemplo (do imaginário coletivo, se preferir), combater os fantasmas geralmente cai como exercício lúdico. Sim, existe a assombração inicial, mas passada ela, passa a ser uma inter-relação qualquer... com certas particularidades (mais curiosas e divertidas do que assustadoras).

Mesmo sem ir tão longe, só pegando o efeito da palavra "fantasma", vê-se que ela não produz uma grande catarse se não for acompanhada de um relato escabroso. Ou seja, a priori os fantasmas não são algo muito preocupante. Podem atrapalhar (e bastante) mas é isso. Já os outros de quem me ocupo...

Demônios

Partindo do último ponto, de se só pegar a palavra e ver o efeito que ela possuí, vê-se a gravidade da situação. Religiosos e céticos tem um certo receio de aplicar a palavra ao discurso, ela é carregada de significados e sentimentos. Pesam os dedos ao teclado e o coração só de pensar no porquê desta alegoria.

Difícil descrevê-los, pois não tem forma certa. Os fantasmas são projeções mais claras, humanas, objetivas; os demônios são formas torcidas na escuridão, de lá nunca saem. Se os fantasmas valsam aos céus, livres e leves, os demônios são presos aos cantos obscuros da mente e para lá nos puxam. Sim, estes tem manifestações físicas

Não se pode passar através de um demônio e, se o fizer, é porque este se escondeu sob sua pele pronto para lhe tomar em trevas. É fácil se envolver em uma nuvem negra ao menor toque, ao menor contato visual. Basta que eu os perceba para que se tornem cada vez mais vís, reais, vivos, fortes e assustadores.

E tanto vigor os dispensa de lançar mão de discursos. Os demônios urram bestialmente. Não me aliciam, só me ferem; não me conduzem ao erro, só me punem (haja algum merecimento ou não). O meu imaginário, o de quem foi criado aos sabores do cristianismo, não deixa de me propor a visualização da situação como a chegada ao inferno.

Quanta injustiça! Nos descaminhos de um coração cético de berço cristão me vi acreditando somente no inferno! Como se a perpetuação da existência só tivesse sentido na forma da danação eterna... essa é a obra dos demônios.

Enganos...

Para encarar os demônios me basta a noite e a morte, a confrontação do inevitável, do não-racional. Tudo o que não posso dar forma se torna diabólico e enriquece o meu inferno. Nessas últimas noites, só me tem sobrado os velhos fantasmas, importante dizer.

Acovardei-me, prefiro enfrentar só o tédio e a tristeza com a boa e velha depressão. A angústia inominável eu acabei por guardar, não estou pronto, talvez nunca esteja. Deixarei que me encantem as silhuetas prateadas mais uma vez até que seus truques me cansem.

Vou dormir e torcer para que o sonho continue sonho, pois demônios carentes e ruidosos me aguardam em pesadelo.

1 comentários:

Lauana Gomiero disse...

Já fazia um longo tempo que eu não passava por aqui, senti saudades de teus maravilhosos textos, de suas poesias,de seus devaneios. A correria está demais. Por isso a demora, em dar uma passadinha no blog. Mas, realmente, estava com saudades.

Olha lá no meu blog, tem selinho pra ti!