O que é que contém o seu olhar? Se faz de tola, não conversa e me olha pelos cantos. Por que se esconde? Tem medo, é isso! Sem mistério, seria uma qualquer, fez do enigma o único jeito se fazer notada. Não insista pois eu já lhe tenho na mão.
Olhar de estática, não chega nem perto do olhar seletivo de Capitu. É inexpressivo, falta sintozinar alguma emoção complexa das quais as mulheres se gabam tanto. Ah, é mesmo, é apenas uma garota! Estou errado?
E, ainda assim, insisto em te olhar, criatura vazia. Se manteve enigmática e sensual. Mesmo que seu silêncio tenha sido instaurado, tenho certeza, porque não tinha nada de útil para dizer. Fale, garota! Diga algo estúpido para assim quebrar esse encanto.
Mania esquisita de me apaixonar pelas mais judiadas, essas que, como você, possuem o olhar mais amarelado e gasto do que os dentes em um sorriso falso. Tanto quis devorar o mundo que as assim chamadas "janelas da alma" deixaram-se abertas à entrada de qualquer demônio que quisesse lhe saquear a essência.
Perdeu-se muito cedo, jamais terá o olhar de mulher adulta, só terá à mim que também me perdi por outros motivos. Aceita meu amor? Nem deve saber o que é o amor, coitada. Tão pouco o sei, e é mais por essa que nos merecemos, garota.
Não quero lhe salvar, não acredito nessas coisas. Mesmo porque o que me atrai em você é a baixeza de seu espírito ridículo. Quero estar contigo quando for cair, quando formos cair. Quem nos salva é o sono, só ele. Deitaríamos lado à lado na comunhão de duas almas partidas que mesmo unidas não fariam uma inteira. Seríamos tolos juntos.
Eu te entendo, só eu; você me deixa entrar, só você. O que mais sobrou para nós dois além de... nós dois? Sobrou o mundo para dizer tudo aquilo que nos falta. Fale, garota! Diga-me se estou errado.
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