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10 de maio de 2010

Familia

Nesse fim de semana, foi possível esquecer de tudo o que me distrai e me põe para baixo. Nesse fim de semana, foi possível lembrar daquilo que importa, ou melhor, foi possível lembrar de quem importa: A familia. Quer forma de amor mais pura?

Não sei se é a convivência forçada que torna imprescindível os laços saudáveis ou se é o carácter genético que apara naturalmente as garras nas lutas interiores ao bando, não sei. Não quero discutir biologia, antropologia ou psicologia, só quero falar sobre familia, de coração aberto. Tecer um relato de quem ainda se surpreende com as coisas banais...

Tento sempre ser brando na inserção dos personagens reais da minha vida, geralmente os mascaro e amálgamo em diferentes identidades para despitar. Não digo nomes e sou esquivo. Falo de sentimentos e não das pessoas. Como pessoa, geralmente sou o único. Narcisismos à parte, faço isso por esse espaço ser um tanto impróprio para a exposição.

Claro que, para o que tenho a dizer, ser vago talvez fosse contra-producente... sem falar em inútil. Os dados não tem muito como me ferir ou aos meus entes mais próximos. O que quero dizer é que serei um pouco mais pessoal do que o de costume, pronto!

Esse domingo foi o de dia das mães. Já no sábado, fui para Itu, interior de São Paulo, mandar ver em uma feijoada por ocasião de um almoço da familia do noivo da minha mamãe. Cometi a insensatez de ir sem dormir na noite anterior. Fiquei ansioso, sem sono. Nem preciso dizer o que cerveja e feijoada me fizeram...

Senti-me criança novamente, me escondendo dos amigos estranhos da mãe no carro. Estava legal lá, o pessoal era simpático e acolhedor, mas... não ia. O sono também colaborou, não teve jeito, eu estava quase dormindo em pé. No meio do pessoal, eu até conversava (mentira), mas não deu outra. Lá pelas 14h (chegamos às 10h) eu estava dormindo no carro.

Acordei cheio de dor e com um bafo terrível, sem falar na sauna que virou o carro com os vidros fechados. Eram 17h, ainda estava rolando um movimento na casa, mas preferi deitar e esperar que minha mãe, meu irmão e o noivo dela voltassem. Não deveria demorar muito. Aí sim voltei aos tempos de criança, estava assumidamente fugindo.

Ainda tirei mais um breve cochilo antes de partir definitivamente, mamãe chegou às 18h com a tropa e partimos para São Roque, no interior mesmo. Na manhã do dia seguinte, ocorreria o batismo do meu primo de oito meses seguido por um puta almoço de que? Me pergunta! Feijoada, obviamente. Ia ser uma beleza.

E se sucederam os eventos propostos, só acrescentando: estes contemplavam a familia por parte de mãe (elegida por um critério óbvio). E lá foram abraços, paios, cervejas, costelas, caipirinhas e cigarros. Entorpecido pelo amor ou por Baco, eu sorri como muito antes não fazia. Mas algo ainda parecia pendente...

No batismo, meu primo mais velho por parte de pai mandou uma mensagem pedindo que eu lhe ligasse assim que possível, que era urgente. Desde o falecimento de minha tia, eu fiquei um tanto sensível para a possível chegada de notícias ruins, ainda mais vindas da parte atingida da familia. Como se os maus agouros ainda pairácem no ar.

Saí da Igreja imediatamente, minha mãe também me acompanhou preocupada, e liguei para ele. No final das contas, era apenas o informe de um churrasco logo mais à tarde. A notícia era boa, ia ver a familia toda em um dia só, ainda que por partes. Por ocasião do batizado, uma metade compareceria ao almoço, até mesmo meus tios que até pouco estavam na Austrália, e a outra iria ao churrasco.

Mas não precisava desse drama...

De coração tranquilo, barriga cheia e um sorriso no rosto, eu peguei estrada com a tropa. Dei umas boas pescadas tentando não dormir para servir de co-piloto para minha mãe já que sentei na frente. Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades...

No trajeto, foi possível absorver o alcóol e as feijoadas dos dois dias, parcialmente. Sóbrio e com algum espaço no estômago, eu estava pronto para mais uma dose de familia. Ficamos somente eu e meu irmão para a churrascada, minha mãe estava cansada, obviamente. Nos despedimos dela e ela mandou que déssemos um beijo em nossa avó.

Um fato curioso - mesmo após o divórcio de eras atrás, as duas permaneceram em contato. Ela é a eterna nora. Em um período nebuloso, tinha até mais contato com meus avós paternos do que meu próprio pai. Hoje, depois de 6, 7 anos, já está tudo de volta à ordem natural. Ainda volto à essa questão mais à frente.

No churrasco, nada de cigarros ou bebidas, nessa parte da familia ainda é fantástico que eu e meu irmão já estejamos na universidade. Na outra, também somos "os meninos da Mônica", mas aqui a demarcação parece mais visível. As relações carecem de comunicação nessa perda na tradução das idades afetivas para as idades reais, mas, em compensação, são muito mais afetuosas. Os abraços são realmente abraços.

E era isso o que faltava...

Meus irmãos pequenos correndo pelo apartamento, minha avó chamando para ir à grelha na varanda e comer, pois estou magro demais... e meu, não surpreendentemente, robusto pai assistindo o jogo na televisão. O primão do recado impróprio e sua irmã permaneceram a maior parte do tempo nos quartos.

Procurei divir meu tempo entre os cômodos, provar de cada amor igualmente até que se esgotasse meu tempo por lá. Mais tarde ainda chegaram mais primos, filhos da falecida (e assim não procuro estigmatizá-los por coitados, só vou tentando localizar os múltiplos familiares na bagunça). Se aninharam pelos cantos como eu já fazia.

Chegou um momento em que a atmosfera de açúcar foi se dissolver. Lá na varanda, se ouvia minha avó levantando o assunto de minha tia. Mesmo que superada a angútia inicial, ainda traz sofrimento falar do membro precioso da familia que se foi.

Voltando àquela questão do distanciamento de meu pai... foi tempo de relembrar que ele, meus irmãos pequenos e minha madastra só lá estavam por ocasião do evento fatídico que reuniu a familia. Ao partir, minha tia deu o presente mais precioso que alguém poderia dar: deu, a nós, nós mesmos; fez de nós uma familia unida.

Somada à garganta seca, por pensar em tudo isso, ainda havia a ansiedade de estar ali do lado do meu velho trocando raras palavras. Um relacionamento muito afetuoso, como eu disse, pode pecar na comunicação. Estamos nos arranjando, não se engane, mas é um processo lento. Lento como o São Paulo que acabou empatando...

Quando chegou a hora de ir, fiquei feliz novamente. Sabia que meu avô não diria em tom triste para dar um abraço em meu pai, sabia que não me daria aquele aperto no coração ao abraçar aquele homem ainda mais enorme que meu pai e de coração igualmente grande. Ao invés disso, pediu-me que desse um abraço em minha mãe.

Lembrei do que essa sábia mulher, que teve para si não só o dia como o fim de semana (mais do que merecido, te amo, mãe!), disse uma vez. Comentou que fazia questão de nos manter em contato com nossos avós paternos até que meu pai pudesse fazer isso por ela. O que ela torcia para acontecer logo, vendo a situação complicada deles.

Não que ela desgoste de meus avós, muito pelo contrário, os queria felizes, é que apesar de mulher multi-tarefa, ela não é a mulher maravilha para cruzar São Paulo todo fim de semana em seu jato invisível. Trabalhar cansa! (pelo o que eu ouvi dizer, por isso fico longe) Era a vez do meu pai, ser pai e, de quebra, ser filho novamente.

Os abraços estavam nos lugares certos e se os olhos marejavam, naquele momento, era por felicidade. Ainda agora, escrevendo esse relato que provavelmente não dará vazão à todos os meus sentimentos, olho maravilhado para minhas lembranças.

Seja como co-piloto de minha mãe, ao sono de seu noivo e meu irmão com os quais a divido, quando pude tê-la só para mim; seja assistindo o jogo do tricolor com meu velho... eu sei e digo com lágrimas nos olhos: esse fim de semana foi maravilhoso.

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