Após tantas noites em claro pensando no enigma de uma existência desprezível que teima em se julgar excepcional (frutrando-se com suas expectativas irreais), achei a peça que completaria esse quebra-cabeças. O que eu precisava era de um objetivo, de um sonho, isso era claro. Faltava saber qual era até que este me veio...
Vagando a esmo pelos corredores da faculdade, voltando do bebedouro (nem estava com sede, só fiz dessa uma desculpa para sair da aula) encontrei um folheto no quadro de avisos informando sobre um concurso de ensaios. Já o tinha visto em algumas ocasiões, mas, não raro, eu não me aperceba daquilo que se encontra ao meu redor.
Tentando enrolar o máximo possível antes de entrar na sala, eu li e reli as regras do concurso. O exercício de repetição fez com que o óbvio entrasse à força na minha cabeça. É... sou assim tão desligado, foi preciso disso. Era o que eu estava procurando! Seria difícil (um ensaio de no mínimo 100 páginas de um tema espinhoso), mas era isso!
Ora, só pelo prêmio valeria tentar (R$ 10.000 e uma tiragem de 2.000 exemplares do seu ensaio pela editora), mais ainda pelo o que significava. Um prêmio por uma publicação, minha primeira obra e ainda dentro de minha área de graduação, o corolário de minhas expectativas adultas, era isso! Tive a minha epifania.
Passei o dia meio saltitante, cheio de ideias e querendo contar a todos. Mas me segurei, quis esperar que a empolgação passasse para saber se era real. E passou... e continuou a ser real. Estabeleci o prazo de um dia para meditar na ideia, bem, tomei dois e continuava real mesmo após todos pensamentos pessimistas.
Era a solução para a angústia...
Mas pera lá! O título está errado então? Sobre isso, uma observação: não, não está. Como que em um ato-falho (malditos psicólogos!) eu disse exatamente o que queria dizer, ou pensei exatamente o que sentia em meu âmago. Idealizei o título dessa forma e assim o mantive pois, por detrás do simples erro, escondia algo muito mais sombrio.
Não era eu (ou o universo) agindo sobre a angústia, era ela a dar as cartas novamente. A angústia viu que eu já voltava aos braços da tristeza e da depressão, ela me viu satisfeito ainda que de uma forma não-ideal. Quis ela que eu voltasse à ansiedade, quis ela que eu voltasse a acreditar que tinha algo a perder... e me frustrasse por isso.
A solução da angústia foi me devolver a capacidade de sonhar e assim sonhei como um tolo. Continuei a dormir longas horas e passar dia-após-dia (noite-após-noite) vivendo de migalhas só que agora vislumbrando os banquetes que perco por preguiça. A solução da angústia foi se unir ao orgulho, o mínimo não bastava mais.
Resta-me seguir em frente e lutar pelo meu sonho. Irei de encontro à frustração. E por mais traiçoeira que seja a angústia, melhor não tentar trapaceá-la, pois que, por mais mal que me causem os seus sonhos, ainda lhe restam os pesadelos para soltar...
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