A vida tem de servir para algo além da inspiração! Para esse meu vício pelo registro, sempre privilegiando a imagem ao objeto. Posso até racionalizar, dizer que as coisas são por natureza vazias, cabendo aos artistas darem a alma e aos cientistas um significado. Eu sei; eu posso; não aceito.
Cansei dessa tristeza, cansei de escrever! Preferia não ter assunto e estar do lado de fora. A vida é mais que um vocábulo piscando na tela de um computador, devia ser! Mas à que se resume? À esses exercícios com pensamentos desconexos.
As pessoas felizes dizem as coisas mais idiotas, as infelizes se fazem de inteligentes (obtenham, ou não, êxito), não é? Não sei. Talvez eu não precise estar nesse estado para escrever, os últimos tempos foram relativamente agradáveis e continei o blog. E, ainda assim, barganho com algo que eu não precisaria perder.
A verdade é que estou procurando uma desculpinha para largar tudo, estou cansado. O eu-escritor, um alter-ego que ganhou até nome aqui no blog (Escritor em treinamento), já parece ter esgotado suas possibilidades.
Percebi, ao fazer um desses testes de personalidade na internet, que poderia ser quem eu quisesse, ou, ao menos, me passar por qualquer um. Tenho, em mim, frações de estereótipos e, ao sabor da minha vontade, trago à superfície o mais adequado à situação.
Nenhuma de minhas facetas carrega um alto grau de excepcionalidade, gostaria que carregassem (meu eu-escritor jamais escreverá um livro, o atleta não vai para a olimpíada, o romantico vai estar sempre de coração partido), mas não é o caso.
Não se sobrepõe, não se anulam. E já que o pior dessa multiplicidade tem vindo à tona (por vezes, sou hipócrita, por outras, mentiroso), melhor que eu tome posse desse dinamismo. Para tanto, é preciso padronizar o espaço que cada uma toma e o escritor tem ditado a maioria das regras. Tanto que a epifania vem via texto...
A mágoa sem dúvida é grande, tantas palavras gerou e agora quer acabar todas elas. Sei bem que é o sentimento falando mais alto e é pouco provável que eu traduza o impulso em uma ação mais agressiva, não vai ser agora que o blog acaba (engraçado que eu tenha feito essa observação duas vezes em um período de poucas horas).
Seria bom não ter que me preocupar onde colocar as vírgulas ou mesmo ficar me perguntando "o que há de errado comigo?". Melhor que eu não os engane, existe a real possibilidade de que o blog seja deixado de lado. Seria mais elegante uma espécie de aviso prévio do que o abandono repentino, que já presenciei, de um espaço tão íntimo.
Até me alegra a possibilidade de uma "Nota de Adeus" como postagem final e definitiva, nela revendo os pensamento de dois anos como blogueiro, mas sei que seria tentador negá-la no dia seguinte com um festivo "Estou de Volta".
Se for para fazê-lo, fá-lo-ei sem cerimônia. Não quero me comprometer com o final pois seria tão sufocante quanto a continuidade opressiva desse exercício exaustivo. Sou como o pai alcólatra que sai para comprar cigarros, talvez eu volte...
Ok. Minha despedida não necessita cerimônia, mas só por essa metáfora horrível vou ficar mais um pouco para corrigir a imagem que eu deixei. Melhor que eu seja sincero e diga do que exatamente se trata essa postagem...
Correção: seria melhor, não vou. Até logo!
1 comentários:
Não termine, não dê "adeus" ou "até logo"! Se existem múltiplos eus dentro desse escritor, é hora de colocá-los no jogo também. Seja "eles", ou simplesmente você, não pare de contribuir com o já tão carente de bom conteúdo universo internético...
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