Para Quem Queria se Esquecer...

... eis o que me acontece.

Desaprendi a dormir. Tentei reeducar meu horário biológico e forçar o saudável sono noturno, mas não passam das quatro horas, meus olhos já se abrem. Não faz o menor sentido! Deveria ser mais fácil sem todo o movimento do dia à minha janela. Parece que detesto o silêncio mesmo quando durmo, não acabaram as madrugadas.

Desaprendi a viver sem 'ela'. É inevitável o pensamento que puxa a tristeza, a saudade, a falta, essa sensação de leveza que pesa. Escolho, noite após noite, não superar meu sentimento falho, pegar um foto e me agarrar a uma lembrança do sonho: um dia, foi possível! Pois que mesmo sua falta faz presença e não abro mão de seus vestígios.

Desaprendi a aprender. Cachorro velho não aprende truques novos - diria provérbio. E, se, no desejo desmedido, minha alma é jovem, em minha teimosia, sou quase moribundo. Sair da rotina vai ser difícil, mesmo que seja outra a lhe substituir.

Desaprendi... a esquecer? O desapego vem na hora errada e me esqueço do que é útil. Usei toda a minha força para lutar contra a inércia para descobrir que me livrei daquilo que valia a pena manter. Acaba o dia, estou cansado, vazio e nem lembro o porquê.

Sinto-me triste e só - meu mal estar é tão banal quanto essa declaração parece ser. A vontade é pedir abrigo a qualquer distração ou ombro amigo, o orgulho já foi superado. Nessas horas, percebo como sou difícil de agradar, era de se esperar que as desilusões abaixassem meus critérios, mas ainda espero por um sonho no qual nem acredito.

Desaprendi a me sentir bem.