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11 de janeiro de 2011

Moribundo

De uma sábia amiga escritora, recebi (e ainda recebo) consecutivos alertas sobre as vicissitudes de minha alma envelhecida. A brincadeira ficou séria quando meu próprio irmão inventou de me comparar a um personagem moribundo de um famoso romancista russo... honra muito suspeita. Vindo dele, sei que passa longe de um elogio.

Apesar de tudo, conservo meu senso de humor suspeito lidando com ideias como se nada fosse sagrado. Não sei se me esquivo, suspendo a crítica ou até acuso o golpe provocando mais sintomas com a ideia que se segue, mas não evitei de me empenhar em seu exercício. Ei-la, meus caros! Escrevi um testamento (não o meu, obviamente!).

Ainda na morbidez que outrora me fez desentranhar um epitáfio, invisto outra vez nessa máscara/personagem de alguém perseguido pela morte vendo-se acuado pelas obrigações póstumas. Se antes coube uma espécie de resumo da vida, agora trata-se de analisar o resultado dela. Vejamos como esse eu lidou com o problema:


"Testamento"

Aos céus, confio o meu legado nesta prosa pobre. Bem este, aliás, quase único dentre os arrolados para o empenho da paz de minha alma. Não possuo muito, daí o tom de confissão. Apequeno-me no ato de doação por revelar meu grau de inépcia para com as coisas da vida. Pouco criei, pouco vivi, pouco deixo além de meus restos que adubarão o solo.

Ressalvo, no entanto, que restos outros hão de se espalhar entre os vivos tal qual meu patrimônio físico esfarelado destinado às almas pequenas que primeiro se aventurarem em litígio ou mesmo a angústia adensada na palavra até aqui transparecida, mal inevitável deste ímpeto criminoso que me levou ao "silêncio em movimento", insulto aos que deveras merecem a alcunha de escritor. Restos outros, mas ainda restos, refugo de sonhos acabados na frustração.

Entretanto, apesar de tudo ainda posso dizer que vivi amores com todas as letras e cores fugindo das limitações de minha existência vulgar e fútil. Por vezes amei, por vezes vivi, por vezes fui algo além de mim mesmo. Portanto, com a sincera intenção de enriquecer meu legado de alguma forma assim agraciando aos que ficaram e não disfarçá-lo em uma espécie de farsa, faço então destas experiências de execeção registradas na imensidão de cartas e fotografias - verdadeiro compêndio de meus (des)caminhos - o bem maior deixado aos meus descendentes:

Façam proveito deste retrato de esperança de um cético que acabou por se render ao inexplicável! Acreditem, sejam, como de fato fui e continuo sendo na eternidade destas palavras...       Adeus.

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