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14 de março de 2012

O Ministério da Saúde Adverte

Vou voltar a fumar. Decidi isso enquanto respirava tranquilo andando na calçada (ou talvez não tão tranquilo, pois mais a frente na caminhada pra casa ainda escorrego e quase caio) e estava achando muito fácil. Vou deteriorar meu condicionamento, reduzir-me a subumanidade que já toma o espírito e deixar que meu corpo também assuma a forma espectral em tosses, pigarros e manchas escuras nas chapas de raio-x.

Talvez lamentando em um leito, uns anos pra lá, ou já nas tosses, ou mais imediatamente nas lamúrias burguesas ao comprar os maços que aumentam sempre os preços, eu me encontre contente por reclamar e reclamar com razão, com objeto de desafeto: de odiar-me como ser vicioso passo a odiar o vício, mais tarde a doença e por fim temerei a morte, não mais como ideia abstrata, mas ameaça eminente a terminar minhas frases.

Tudo são flores ao pensar no regresso do velho amigo, mesmo o hábito de se escrever volta a ser algo de fantástico, ritualístico e respeitável ou, senão, até simplesmente pretensioso e esporádico, ainda assim, algo e não esse imenso nada que parece cercar a atividade. Pois de nada adianta... de nada adianta.. de nada adianta! E se é assim tão ridículo, e se é assim sem riscos e recursos, o que tenho eu a perder em (re)começar?

Perco a saúde, perco o respeito de meus familiares e entro em uma verdadeira solidão/solitude agonizante, minha tristeza teria um mérito e talvez até uma solução... ainda que distante e hipotética, pois nesse ponto já me imagino adiando o inevitável, vivendo de subterfúgios, paliativos. E com essa lucidez da tortura, por que prossigo? Ora, de lá do leito de morte, me imagino contabilizando os anos perdidos, idealizando os anos dourados, olhando para mim agora orquestrando mil formas de auto-mutilação da juventude, e com um sorriso partido seria verdadeiramente feliz (em hipótese e engano) por todo o lixo que sou agora.

Mas não fumo, porque não sou idiota, a verdade é que a ideia é que me conforta, são sempre as ideias, nada mais existe, não teria necessidade de me meter em incursões sem volta habitando um mundo de verdades transitórias. Ou talvez, só talvez, ainda exista um resto de esperanças pelo futuro - esse que também é uma ideia, mas muito mais fraca e abstrata do que as demais. Sou esse momento, sou essa ideia, porque haveria de ter um futuro fora de mim mesmo? Já acabou, já passou, já não sou. Vá embora!

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