Música

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8 de junho de 2012

Nevermore

Ouvindo música e escrevendo (ou ditando pensamentos) mais uma vez. 

Há uma grande farsa nesses acordes e dissonâncias diversas que me guiam a escrita no desespero forçado de quem se enclausura à parte de suas vontades (ou do objeto das mesmas, pois mesmo o asceta não extingue totalmente o desejo). Sensações diversas, paroxismos de uma alma doente e febril, são provocadas por tais divindades sonoras ao me visitarem no estado de semi-consciência que tão frequentemente, tal como agora, me governa, transformando-me em veículo de mensagens místicas (na verdade, delírios disfarçados, efeitos narcóticos...). Sou tal como os oráculos da antiguidade, adolescentes drogadas que se contorciam no que pareciam danças em um êxtase profundo balbuciando dizeres sem absoluto sentido. Tal sou eu, tal é a música, obra, que me serve de trilha: uma grande alucinação..

Lê-me e se inspira também, governa teu espírito como que iluminado pelo desconhecido, pois mesmo eu que te digo tudo isso não tenho o mínimo controle do que sai da ponta dos meus dedos e vai parar na tela do computador! Sinto-me fundindo-me às palavras enquanto elas vão tomando forma, impossível portanto a distância e perspectiva para olhar de fora e dizer o que é afinal tudo isso. Sou o próprio discurso, um deus de um mundo recém-criado dono de toda a verdade, portador de uma iluminação da realidade/alteridade que me antecede. Não é café, nem cigarro! Não é Tédio, nem inspiração! É loucura, pelo amor de Deus, é loucura!!

Se fosse lúcido já teria me matado, só por Deus! É tudo tão óbvio e repetitivo que sinto minhas emoções em roteiro e a de todos os outros à partir de mim, o espelho sobre o qual todo o mundo se reflete e o palco sobre o qual a humanidade atua. Já tenho em mim todas as cores e figurinos e sendo assim tão óbvio e superficial como o sou, todos os outros também hão de ser - nada se mova sem a minha consciência (eu perceberia, em meio a morbidez imóvel do Tédio, o menos tremor ou mais discreto farfalhar das asas dos anjos a nos ajudar enfim)!

(pausa)

Estou mais calmo agora, vazio e destituído do torpor, da falsa-alma, da música. Ainda enxergo o mundo de cima, mas sem qualquer senso de superioridade, pois também eu integro o triste espetáculo da vida da mesma forma que os outros. Anacronizo minhas percepções, mesmo historiador que sou, mesmo sabendo que a nossa época (provavelmente) receberá tintas próprias das gerações futuras e meus paralelos se mostrarão grandes enganos (engano mesmo seria ficar calado diante de tanta dor!). Mas é divertido, não me contenho! Vejo como são ridículos aqueles que buscam a fama tal como uma nobreza fracassada, a mesquinhez dos que ascendem de classe e se tornam inimigos ferrenhos de antigos companheiros! Mudaram as máscaras, enfeitaram-se os degraus da hierarquia.... e que ousem subir os incautos para ver o que lhes ocorre! Oh, a falsa igualdade! Oh, a ilusão de mobilidade social, a ilusão de qualquer mobilidade... ninguém ousa se mexer por medo de cair no inferno das pretenções e desejos frustrados que aparenta ser muito pior do que aqui está - tá tudo bem!

E eu, o que sou? Sou a própria frustração, o Tédio, o vazio que em outros tempos seria menestrel que se alheia como observador, ainda que nunca deixe de pertencer ao todo; antes ainda, conforme visto, oráculo que reitera a loucura dos homens (para depois as glorificar como o bardo); e agora um escritor meio-intelectual meio de esquerda sem nenhum papel social que não o de um crítico que objetiva a tudo e todos, sem foco, ouvido por ninguém e aplaudido apenas por si mesmo.

Ai de mim, o gênio incompreendido! Ai de mim, o escritor sem capacidade dar um termo aos seus pensamentos e simular o fim de certas angústias! 

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