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26 de setembro de 2012

Miopia

Estou cansado - é o começo e o final da cada sentença mental ao fazer planos de meus infinitos diálogos interiores. Cansei dos paliativos que não objetivam cura a médio ou longo prazo, pra que tentar? O mal é endêmico, estrutural! Não há inspiração ou aspiração de ser qualquer coisa, não há desejo que anime e o único prazer possível está nas palavras que fustigam e me enquadram na tristeza, essa é quase alegria diante do alívio que provoca. Como temporal em época de seca, agradado-nos até mesmo dilúvio quando sentimos sede... e só depois de satisfeitos com o movimento de nossos impulsos atentamos para a destruição.

Eu deveria me anteceder já que sei tanto, aperceber-me das lamúrias que me escapam e acabam por definir a vida como ela é ou parece ser e cortar o mal pela raiz. Mas não faço. Permaneço criador e criatura habitando o limite da loucura, ser definido pela própria literatura, as vezes derivada de outras mais dignas letras... e outras tantas de uma experiência de vida limitada e preconceituosa. Experiência que de concreta pauta a vida até certo ponto. O que me guia é um falso empirismo de causa e efeito por caminhos imaginários. Sou do tamanho daquilo que vejo, diria o poeta e plagia o sonhador cansado, e minhas lentes já foram mágicas, fabulosas, permitindo-me enxergar o mundo por um idealismo infantil e belo.

Eis que o dilema se apresenta: o que fazer diante de um mundo de coisas que é sério demais para se levar a sério? Congelo de medo e pânico pela escuridão que agora inunda a alma, o mundo adulto não permite mais a fantasia a meus olhos, descrentes e imunes ao extraordinário que antes se apresentava explicando tudo aquilo que se ocultava na indefinição, já não alcançam mais que um grande vazio na sobriedade de tons que assume o cotidiano. Não há o que se ver, era só falta de foco, miopia; não há nada que mereça a menção - não há razão para estar vivo maior do que o simples estar (sobreviver).

É desilusão. Ingenua e desesperadamente depositei minha esperança em uma paixão de dias contados, extingui o que havia de combustível dos ânimos inflamando sentimentos incertos - produzi pequenas labaredas. Ela já não sorri, não me olha e talvez nunca tenha olhado com qualquer diligência. Julgava ter posse de alguns de seus momentos, retratos mentais, sentimentos de guarda compartilhada entre almas que se não gêmeas  tinham muito a dizer uma a outra, agora devasso o forte de lembranças e em fúria pelo malogro de minhas intenções, destruo tudo o que antes me felicitava e confortava.

Um olhar, um sorriso, foi o que me trouxe a adoração e também por pouco, pequenas ausências (indiferença), torro-me em angústia. A fé em dias melhores ainda existe (em algum lugar), somente a fé agora que a esperança se foi. Também (e muito) por ela, pela musa que faz exatamente o que se preza ao ocupante de tal posto, manter-se longe de meu alcance, além de mim, mas principalmente desespero-me por causas próprias, pessoais e intransferíveis, que a todo momento me fazem querer gritar: "não aguento mais!"

Ao coração oprimido resta apenas medicar/mediar sua existência por pequenas rebeldias, pela preguiça, pelo cigarro, pela privação de sono e fome que se disfarçam de insônia e falta de apetite - sei que o impulso motor vem de dentro, algo que diz "não coma, não durma, não lhe é de direito". Ironicamente, aqui imputando esse sentido para rebeldia, o único momento em que se constata qualquer combatividade de meu espírito é quando passo dias inerte diante do computador ou deitado na cama sentindo as horas passar.

Está em tempo de aceitar que a vida não é nada do que eu esperava dela, deixar-me levar (completamente), agir de acordo com as circunstâncias colocando de lado a fantasia e enxergando aquilo que está de fato à minha frente; está em tempo de crescer pra, quem sabe um dia, morrer em paz.

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