Música

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2 de janeiro de 2013

Feliz Ano Novo!

Começado o novo ano, esboçando uma retrospectiva íntima, tentei sentir as palavras que, segundo constam os registros, tiveram a mim como fonte, mas em nada me identifiquei. Os cheiros, as texturas, a substância que deles despontava me era completamente estranha, como se, tomando vida própria em algum momento, se metamorfosearam em qualquer outra coisa de qualquer outra pessoa que não eu. Outra alternativa para compreender esse estranhamento é tê-las como fraude, um engano do universo, concebendo a minha existência presente como o despertar em um corpo estranho de lembranças que não me pertencem, um transplante não autorizado de um presente colado á um passado falso e um futuro tão estranho quanto. Não sou capaz de nostalgia e fazer planos é um esforço performático.

Hoje sou apenas hoje, um momento que logo se dissipa de palavras que atam um silêncio de sentimentos inúteis para além do segundo que os cria. Fosse eu mais sensato, após ver que me perco de mim mesmo a cada esquina, não diria mais nenhuma palavra... que é talvez o que eu tenho tentado haja a vista a diminuta quantidade de escritos nos últimos meses. Encerrei-me no silêncio da alma, deprimido pelos turning points que vulgarizam minha personalidade em dilemas mundanos: acabei a faculdade... arrumei um emprego.. vou sair de casa?... o que será de mim agora?... comum, tão comum!

É um questionamento antigo, já antes vi que era armadilha querer sempre a novidade e me tolher de viver experiências que outros viveram... isso é negar-se a si próprio, pois o homem só existe em sociedade e faz sua história se inserindo na grande História dos que lhe antecederam. Mas, por algum motivo, agora parece haver algo de fatal... como se a minha capacidade de sentir prazer tivesse diminuído drasticamente e me deixasse a mercê de pequenos vícios que não só me degradam como também agora decepcionam. O único "barato" que eu consigo parece ser o de escrever essas coisas tristes, pegar o "chicotinho" e iniciar os flagelos. Não é necessário verbalizar para sentir que já não sou mais nada. 

Absolutamente nada.

Sou um ateu que gosta da palavra alma para descrever o núcleo duro da identidade e espírito para falar das vontades... ou talvez tenha sido em algum momento. Agora é difícil não me sentir um farsante usando de palavras mais fortes do que a vida que levo; não há nada aqui dentro que suscite um deslumbramento tão grande que faça esse cético encarar o universo (interior e exterior) com reverência. Não, o hoje que sou e com o qual percebo mundo não passa de um emaranhado de acasos, de possibilidades matemáticas, que não merece um pingo de admiração.. e literatura.

Dois mil e treze do ano do Senhor chegou com a seguinte mensagem: caros viventes, na imediação de tantos apocalipses fajutos, na perspectiva de fim que encara vossa sociedade como tantos outros encararam (não se sintam especiais por isso) saibam que o fim só não chegou pelo seguinte motivo - o grande mistério da vida é que ela não tem mistério algum, é absolutamente inútil; não valeis o cuidado, nem tampouco o extermínio.

1 comentários:

YNK06NYT0 disse...

Engraçado você ligar a "alma" ao sentido religioso, talvez seja esse o "grande mistério", nos definirmos como seres de uma existência além do material e do social, transgredirmos a nossa própria razão do ser, esse que seria o alicerce da filosofia que busca incessantemente motivos de nos trazer sentido a vida. Viver é a razão, o como e por que é que o problema.