Por que sinto o que sinto?
Não tem valor, não tem sentido, não se encaixa. No meio das inúmeras negativas, nego meu próprio próposito, nego o sentido desse texto, ou sentido de se negar o óbvio, de que estou aqui, gostando ou não. Não fazer sentido faz sentido? Não sei.
O que é esse amor que tanto transforma? (ou devo dizer destrói?) Mirando o ferro retorcido o poeta ardilosamente acusa transformação, são só destroços! Há quem diga que o amor é subversivo, pois digo que é peça central de uma máquina de inércia.
Ao esperar a mudança nós... esperamos! Talvez nem tanto o amor, mas a promessa do mesmo nos torna bobos e inúteis. A grande desculpa é que "nem todos tem a sorte" ou mesmo que exige "esforço", aí nos conformamos com a demora. O amor é só mais uma arma de destruição em massa!
Muito se apedreja o pobre Eistein por possibilitar a bomba atômica, mas poucos lembram de malhar Camões ao perecer com um coração partido. Até entendo, a obra-prima de Eistein foi muito mais... "visual". São poucos os que enxergam os verdadeiros males.
Eu mesmo sou um tolo, quando na hora de invocar quem trouxe graça à poesia simplesmente citei o pobre Camões sem ter muita noção de sua obra, falo o que me vem a cabeça. Talvez isso me torne mais sincero, não sei. Se sei de uma coisa é que amo, amo até não poder mais (se é que existe um limite).
Amo o próprio amor por me deixar voar tão longe com tão pouco, por me deixar esquecer que eventualmente terei de pousar, por me deixar esquecer que não fui feito para voar. Se for para resumir o sentimento acho que é esse: o de inaptidão.
O êxito, o sucesso, por mais que seja farejado pelo meu orgulho nunca será meu. Seja no jogo, seja no amor. E é aquela sensação de grandeza, de que o que tenho não está a minha altura, é o que vem para equilibrar. Na falta de pernas, o gás para levantar quando cair das muletas.
Metáforas pobres à parte, isso que eu mais gostaria de gritar aos céus que não faz sentido acaba sendo digerido facilmente: o fracasso tem sentido. Como me dói esse exercício! Ao menos pareço estar adquirindo resistência, as lágrimas secaram. Séco-as com as brasas das paixões (ou até com cigarros).
Ando de um lado para o outro tragando com ar de autoridade, como se o maço no bolso me fizesse mais homem. Acaba sendo "saudável", todos meus esforços até então estavam no sentido de me ater a infância. Nas intenções vou me aprumando, só falta estratégia melhor.
Amando, fumando, não tem erro. O fogo que hoje você acende vai te apagar outro dia.
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